Câncer de útero, endométrio e mama emitem sinais. O médico ginecologista e obstetra Lucas Ribeiro Nogueira, que integra a equipe do Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar (HMJMA), da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), explica que esses sinais indicam sempre a necessidade de avaliação e, portanto, as mulheres devem procurar atendimento médico.

“Mesmo durante a pandemia, (elas) devem procurar um serviço de saúde da mulher. Câncer também é uma urgência, uma prioridade”, destaca.

A recomendação do especialista é para todas as mulheres, mas, principalmente, para aquelas que não estão “em dia” com os exames preventivos de rotina.

“A paciente que está com a prevenção em dia, negativa, no último ano ou dois, essa paciente, em geral, pode ficar tranquila. O tempo de aparecimento não é rápido. Mas as pacientes que estão com prevenção atrasada, ou não costumam fazer, têm de ficar atentas para alguns sinais”, orienta.

Sangramento após relação sexual; corrimentos com cheiro forte, lembrando o cheiro de carne estragada; saída de líquidos diferentes, fora daqueles corrimentos mais comuns (amarelado ou que coça). Tudo isso deve ser avaliado por um especialista de forma adequada.

“Esses exames são feitos pelo ginecologista, ele vai avaliar o colo do útero e verificar se tem alguma mudança importante”, ressalta Nogueira, frisando ainda que não se deve adiar a visita ao médico.

Endométrio

Já o câncer de endométrio não tem uma forma específica de prevenção, mas também apresenta sinais de alerta. “A paciente que nos preocupa mais é aquela que já terminou o ciclo menstrual normalmente e está tendo sangramentos mesmo após a menstruação”, argumenta Lucas. Segundo ele, essa paciente tem de procurar a assistência médica para avaliar um possível espessamento do endométrio, “se há risco de câncer, para não atrasar o tratamento mesmo durante a pandemia”.

Foi o caso enfrentado pela agricultora Antônia Eliziane Chagas Vieira, que passou por dores e sangramentos regulares por quatro meses até ser encaminhada para o Hospital Martiniano de Alencar, onde foi diagnosticada e operada.

“Eu fiz dois procedimentos, um menor e outro maior, em 31 de julho de 2020, e fiquei internada por cinco dias. Tive de tirar meu útero, não tenho filhos. Como Deus não quis, a gente tem de receber. Pelo menos pude preservar minha vida”, diz, aliviada, a moradora do município de Caridade, a 95 km de Fortaleza. Eliziane seguiu com tratamento contra o câncer e hoje celebra os bons resultados. “Graças a Deus, não senti mais nada. As revisões estão sempre bem”.

Câncer de mama

No caso do câncer de mama, exames como mamografia e os ultrassons feitos durante a rotina médica da paciente auxiliam a prevenir e diagnosticar a doença precocemente. Eles são feitos de forma anual, a partir de certa idade.

“As pacientes que não fizeram exames ou estão com eles atrasados, têm de ficar atentas principalmente a mudanças nas suas mamas. O autoexame das mamas, hoje em dia, é utilizado muito mais como uma forma de a paciente reconhecer o normal das suas mamas, e, neste momento de pandemia, o autoexame pode ter um impacto interessante se a paciente conhece o normal das suas mamas e percebe alguma alteração”, explica o médico.

As mulheres, de uma forma geral, devem ficar atentas ao surgimento de nódulos. Mas também a alterações na pele, como úlceras, feridas ou a mudanças de textura da pele do seio, como inchaços e aspectos que lembram uma casca de laranja. Pele avermelhada; saída de secreções, como pus; saída de sangue, todos esses casos precisam ser avaliados. Aqueles que forem considerados suspeitos ou já conhecidos como câncer, mesmo durante a pandemia, poderão seguir com atendimento na rede pública — o serviço está em funcionamento devido ao grau de risco.

“Há um compromisso nosso com a população. Nosso serviço é humanizado. Se a paciente não pode esperar, se o tratamento não pode ser adiado, como são todos os casos de câncer, ela tem o atendimento mantido. Aqui no Martiniano de Alencar, estamos suspendendo apenas serviços eletivos”, ressalta a diretora geral da unidade de média complexidade, Silvana Sátira. Ela continua: “Cirurgias e casos de urgência seguem sua rotina de tratamento, tanto com aqueles que já são nossos pacientes quanto com aqueles encaminhados pela (Central de) Regulação do Estado. A saúde de nossos pacientes é nossa prioridade, sempre”.

(*)com informação do Governo do Estado do Ceará