Um estudo realizado por dez cientistas e coordenador pela demógrafa Márcia Castro (professora associada da Universidade de Harvard), e publicado na revista cientifica Science, analisou o padrão espaço temporal da Covid-19 no Brasil entre março e outubro de 2020, descreveuo Ceará como um estado ‘resiliente’ na contenção da doença.

O artigo analisa os principais centros de propagação do coronavírus em 2020, como as capitais Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro e a área compreendida entre Amazonas, Pará e Amapá.  Para comparar a evolução dos casos e óbitos no país, os cientistas analisaram o deslocamento do centro geográfico da epidemia, a progressão ao longo das semanas e o intervalo de tempo para atingir 50 casos e 50 óbitos.

No Ceará, o intervalo até atingir os índices de 50 casos e 50 óbitos foi de 1 dia, o que indica que o vírus estava circulando antes de ser detectado.

 “Isso foi confirmado no Ceará, onde uma retrospectiva epidemiológica releva que o vírus já estava circulando em janeiro”, diz o artigo.

O estudo destaca que, entre junho e agosto, o Ceará e outros oito estados tinham incidência de mortes mais forte que de casos e aponta diferentes índices de interiorização da doença. O artigo cita que o “caos político” do Rio de Janeiro impactou em uma resposta efetiva à doença e compara a resposta do RJ com a do Ceará. Rio de Janeiro e Amazonas foram os estados com o deslocamento de casos e mortes coronavírus para o interior mais rápido, aponta o estudo.

“Em contraste, embora o Ceará também tenha experienciado um quase colapso no sistema hospitalar entre abril e maio, e tenha circulação indetectada do vírus por mais de um mês antes de o primeiro caso ser oficialmente confirmado, foi o 6° na interiorização de casos, mas o antepenúltimo na interiorização de mortes. Isso sugere que mesmo com a circulação do vírus, as ações locais foram bem-sucedidas em prevenir mortes”, conclui o artigo sobre o estado.