2.139 vagas de emprego formal. É assim que o Ceará fechou o ano passado. O resultado é o melhor dos últimos três anos, já que em 2015 (-33.411 vagas) e 2016 (-37.194 vagas), o Estado fechou o ano com saldos negativos. Os dados divulgados pelo Ministério do Trabalho nessa sexta-feira, 26, são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Para o analista de Mercado de Trabalho do Sistema Nacional de Empregos/Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT), Mardônio Costa, os resultados demonstram que o emprego com carteira assinada está em recuperação. “O Estado do Ceará, a exemplo do que ocorre no País, não apresentou em 2017 uma geração nítida de emprego. Os resultados ainda são negativos, mas não deixam de ser favorável porque esses saldos negativos estão cada vez menores. Você observa que esse movimento de desligamento de trabalhadores vem perdendo força em 2017”, analisa.
Para dezembro, como tradicionalmente ocorre, o saldo foi negativo em 4.563 vagas, resultado da admissão de 22.440 trabalhadores e a demissão de 27.003 pessoas. “Historicamente, dezembro apresenta saldos negativos por causa da entressafra agrícola, fim do ciclo escolar, redução da atividade industrial, que tem um pico maior entre setembro e novembro, e também a estação da chuva que impacta um pouco a construção civil no Ceará”, explica o analista.
Dezembro também demonstrou que o mercado de trabalho está se recuperando na comparação com anos anteriores. O mês foi melhor que o mesmo período de 2015 (-10.120) e 2016 (-6.706) e voltou ao patamar de 2014 (-4.201). “Isso mostra que o emprego está sendo retomado aos poucos”, completa.
Setores
De acordo com Mardônio Costa, a indústria de transformação e a construção civil foram os dois setores mais penalizados pela crise econômica. Segundo o Caged, em 2017, no Ceará, a indústria perdeu 3.798 vagas, enquanto que a construção encerrou 2.070 postos de trabalho. “Os dois setores foram responsáveis pela eliminação de empregos tanto em dezembro quanto no acumulado do ano. Porém o saldo negativo da indústria e da construção civil em 2017 diminuiu em relação a 2015 e 2016”, observa Costa.
Conforme ele, o movimento negativo vem perdendo força e aponta para o início do processo de recuperação do emprego formal. Entre os outros setores pesquisados, em 2017, extrativa mineral e agropecuária também apresentaram resultados negativos de 305 e 306, respectivamente. Já o setor de serviços registrou o maior avanço no ano passado com a criação de 2.809 vagas de emprego formal. Em seguida, aparecem comércio (524), administração pública (511) e serviços industriais de utilidade pública (496).
Em dezembro, os destaques foram: comércio, que abriu 1.598 vagas com carteira de trabalho no Estado, e serviços industriais de utilidade pública (4). Já a indústria de transformação fechou 3.270 empregos, seguida da construção civil (-1.439), agropecuária (-828), serviços (-457), administração pública (-105) e extrativa mineral (-66).
Perspectivas
Considerando que a recuperação do mercado de trabalho depende de diversos fatores atrelados à atividade econômica, o analista do IDT acredita que a perspectiva de retomada para o emprego formal é lenta e gradual. “Em relação aos dados do Caged de 2018 nós possivelmente vamos ter um saldo positivo porque o movimento negativo tem perdido força. Haverá uma redução substancial desse movimento de desligamentos”, explica Mardônio Costa.
Ele considera que no segundo semestre haverá um aquecimento da economia. “Se você tem uma perspectiva com a retomada do investimento e do consumo você tem esse reflexo no mercado de trabalho. A redução da taxa de desemprego deve ainda se dá de forma lenta”, afirmou. Costa avalia ainda que, mesmo com a economia vivendo incertezas, com a situação fiscal do País complicada, haverá um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de até 3% neste ano.
Brasil
Segundo o Ministério do Trabalho, em 2017, houve melhora do mercado de trabalho formal brasileiro. De acordo com os números, o resultado acumulado do ano – equivalente aos últimos 12 meses -, indicou o fechamento de 20.832 vagas, uma redução de apenas 0,05% em relação ao estoque de dezembro de 2016. “Para os padrões do Caged, esta redução em 2017 é equivalente à estabilidade do nível de emprego, confirmando os bons números do mercado na maioria dos meses do ano passado e apontando para um cenário otimista neste ano que está começando”, afirmou o ministro do Trabalho substituto, Helton Yomura, nessa sexta-feira, 26.
O otimismo é justificado pela comparação do saldo acumulado de 2017 com o fechamento de 2016, que apresentou um saldo negativo de 1.326.558 vagas, e de 2015, quando houve queda de 1.534.989 postos de trabalho no País, na série ajustada. “Aqueles foram os piores resultados da série histórica do Caged, mas em 2017 o impacto positivo das medidas do governo já foi sentido, revertendo a tendência de retração do mercado de trabalho formal”, afirmou Helton Yomura.
Comércio lidera no País
Conforme o Caged, no ano passado, a geração de empregos formais foi liderada pelo comércio, com saldo positivo de 40.087 postos de trabalho formais. Resultado bem superior aos de 2016, quando foram registradas perdas de 197.495 vagas, e de 2015, quando foram fechados 212.756 postos. Também houve saldo positivo na agropecuária, que abriu 37.004 postos em 2017, revertendo a queda de 2016 (-14.193 vagas); e em serviços, com 36.945 novos postos, interrompendo as quedas de 2016 e 2015 (-392.574 e -267.927, respectivamente).
Já a construção civil e a indústria de transformação tiveram as maiores reduções em 2017 (-103.968 e -19.900 postos, respectivamente). Os resultados só foram piores do que em 2016 (-361.874 na construção civil e -324.150 vagas na indústria de transformação) e 2015 (-416.689 na construção civil e -612.219 na indústria).
Com informações do Diário do Nordeste