Uma pesquisa feita com 692 mulheres acima de 25 anos mostrou que 71,24% daquelas com mais de 45 anos já passaram por consulta com um clínico geral ou cardiologista para verificar como está a saúde do coração. Entre as mulheres da mesma faixa etária, 69,91% disseram visitar o ginecologista pelo menos uma vez por ano e outras 30,09% disseram ir a cada dois anos.
A sondagem sobre a saúde cardiovascular da mulher brasileira, feita pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM), foi divulgada hoje (8) para lembrar a campanha Mulher Coração, lançada em julho do ano passado com o objetivo de conscientizar as mulheres quanto ao aumento dos problemas cardiovasculares entre elas. As entrevistas foram feitas entre 15 de fevereiro e 5 de março.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares na mulher já ultrapassam as estatísticas dos tumores de mama e útero e correspondem a um terço das mortes no mundo, chegando a 8,5 milhões de óbitos por ano, mais de 23 mil por dia. Entre as brasileiras, principalmente acima dos 40 anos, as cardiopatias chegam a representar 30% das causas de morte, a maior taxa da América Latina.
A pesquisa da SBCM mostrou ainda que 69,95% das entrevistadas têm histórico de doenças cardiovasculares na família e que 78,61% têm histórico de hipertensão entre os parentes. Entretanto, 62,57% disseram não ter nenhuma doença crônica. Quando questionadas sobre os hábitos, 7,23% responderam fazer duas refeições por dia, 40,03% disseram fazer três e 52,17% quatro ou mais. As que disseram ter o hábito de beber água diariamente foram 97,92%.
A maioria disse que não fuma e nunca fumou (85,55%), 57,23% falaram que não tem o costume de ingerir bebida alcoólica e 61,56% disseram praticar atividade física. A porcentagem daquelas que costumam fazer atividades de lazer chega a 77,46%. Com relação ao trabalho, 54,19% disseram que trabalham mais de oito horas, 29,19% até oito horas e 16,62% até seis horas. Além disso, 68,45% afirmaram que o trabalho é um dos fatores que mais gera stress.
“Com o progresso social, a mulher passou a ter uma atividade profissional muito intensa e foi submetida ao mesmo stress enfrentado pelo homem. Os fatores de risco passaram a existir também sobre ela, como o tabagismo, pílula anticoncepcional, obesidade, vida sedentária, colesterol, diabetes e exercícios físicos sem acompanhamento. E assim, nos deparamos frequentemente com a doença arterial coronariana que geralmente leva ao infarto”, explicou o presidente da SBCM, Antonio Carlos Lopes.
De acordo com Lopes, há mulheres que não dão atenção à saúde cardiovascular porque, no passado, a mulher morria mais no parto e de outras causas, e, por isso, não chegava à idade na qual as doenças do coração começam a se manifestar. “Também não existia tabagismo intenso, mulher com três jornadas de trabalho, mulher estressada, abuso da alimentação, incidência de obesidade, diabetes, hipertensão e abuso do álcool como há hoje”.
Além da pesquisa, para lembrar o Dia Internacional da Mulher, a SBCM, em parceria com a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), destacará a campanha Mulher Coração em todas as rodovias paulistas, com alertas expostos nos painéis das estradas.