A legenda que apoiou Fernando Haddad, candidato derrotado do Partido dos Trabalhadores (PT) no segundo turno das eleições presidenciais, anunciou nessa segunda-feira, 5, que fará oposição ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), mas sem a intenção de “inviabilizar o governo”.
Reunida em Brasília, a direção executiva nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB) defendeu uma oposição pragmática, com ações pontuais diante das propostas do futuro presidente. A possibilidade de diálogo é considerada se for “em função das demandas e urgências” do país.
A legenda, em nota, falou em moderar o governo, para que “prevaleçam as teses e agendas de interesse nacional”. Reiterou ainda que fará “defesa intransigente dos valores e práticas democráticas e da liberdade de imprensa”. “A lógica do ‘quanto pior, melhor’ não nos cativa ou estimula, e não faremos do sofrimento dos brasileiros trampolim para o próximo pleito eleitoral”, afirmou o PSB no documento.
“Fomos colocados na oposição pelo eleitor, porque apoiamos um candidato que não ganhou. E também porque o que ganhou pensa diametralmente oposto ao que pensamos”, disse no encontro o presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira.
A oposição do PSB, reforçou ele, “não será sistemática, mas em face de questões concretas, das proposições que o governo fizer”. “Naturalmente, os prenúncios não são dos melhores.” Siqueira afirmou estar em contato com lideranças do PDT e do PC do B para articular uma coalizão crítica a Bolsonaro e defensora da democracia.
“Os partidos de esquerda não ficaram felizes com a declaração do PT de que há um comandante da oposição. Não haverá uma oposição, haverá várias oposições”, disse o dirigente.
O PSB, que atualmente tem 31 parlamentares, elegeu 32 deputados federais neste ano. Para o Senado saíram vitoriosos dois candidatos — hoje quatro pessebistas possuem mandato. No comunicado divulgado à imprensa, o partido avalia positivamente seu desempenho na eleição. A sigla conquistou o governo de três estados (Pernambuco, Paraíba e Espírito Santo).
O resultado em São Paulo, onde Márcio França disputou a reeleição e perdeu no segundo turno para João Doria (PSDB), foi tido como bom. Os 48% de votos válidos que ele teve foram “um marco realmente significativo”, na visão do partido.
França, que participou da reunião desta segunda, defendeu que o PSB agora “faça aquele papel histórico de aglutinar” e busque construir pontes com outros partidos de oposição ao presidente.
“O primeiro caminho é fincar os conceitos democráticos”, afirmou, citando o papel do Supremo Tribunal Federal (STF) e da imprensa livre. Apesar do apoio a Haddad no plano nacional, a legenda liberou os diretórios de São Paulo e do Distrito Federal.
Na eleição paulista, França recebeu o apoio de aliados de Bolsonaro. Passada a eleição, a avaliação do PSB é que, embora o ex-prefeito tenha sido derrotado para a Presidência, “a margem final de votos em favor do projeto de extrema direita não pode deixar de ser celebrada”.
Com informações do jornal Folha de São Paulo