As últimas horas tem sido de intensa movimentação nos bastidores da sucessão presidencial. Há expectativa sobre os desdobramentos das conversas entre os coordenadores da pré-campanha do presidenciável do PDT, Ciro Gomes, e representantes do SD, DEM, PSC, PP, PRB e PR. As seis siglas formam o chamado blocão de centro e começaram a avaliar a possibilidade de aderirem a uma mesma candidatura. Há, porém, divisões e alguns desses partidos poderão assumir  apoio ao pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, ou presidenciável do PDT, Ciro Gomes.

As expectativas, nas próximas horas, se voltam, também, para o rumo do PSB – disputado palmo a palmo por Alckmin e Ciro. O ex-governador Cid Gomes cumpre, nesse momento, papel importante na movimentação para atrair   aliados para o PDT. Ciro terá o nome oficializado candidato, nessa próxima sexta-feira, na convenção nacional do PDT.

A história e as caminhadas do blocão ganham destaque no Jornal O Globo, edição desta terça-feira. De acordo com a reportagem, formado há dois meses para discutir uma aliança conjunta nas eleições de outubro, o bloco de partidos capitaneado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dá sinais de que pode estar perto do fim. O período de convenções se inicia na próxima sexta-feira, e o grupo — formado por DEM, PP, PRB e Solidariedade — está dividido. Enquanto o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e o presidente nacional do Solidariedade, deputado Paulinho da Força (SP), defendem o anúncio de uma posição conjunta ainda nesta semana, os caciques do DEM e do PRB desejam adiar a decisão por mais uma semana. A divergir circunstância entre os líderes está diretamente ligada às preferências políticas de cada partido.

A reportagem destaca, ainda, que,enquanto PP e Solidariedade flertam abertamente com o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, o PRB está mais próximo de Geraldo Alckmin (PSDB). O DEM, por sua vez, está dividido entre seguir Rodrigo Maia, que tem se aproximado de Ciro, ou aderir à vontade de grande parte dos dirigentes, que pregam uma parceria com Alckmin. Tentando empurrar o bloco para o colo do pedetista, os caciques de PP e Solidariedade desejam definir o futuro de suas siglas antes da convenção de Ciro, marcada para sexta-feira, em Brasília. Já o DEM e o PRB, angustiados com o desempenho ruim de Alckmin nas pesquisas, querem ganhar tempo para avaliar melhor os cenários e colocar ainda mais pressão nas negociações com o tucano.

Com o calendário das convenções a ser aberto nessa próxima sexta-feira, cresce a expectativa sobre a definição dos rumos a serem adotados pelo chamado blocão de centro. E, antes das convenções, o bloco terá um encontro amanhã e outro na quinta-feira pela manhã, quando Maia retornar de viagem ao exterior. O grupo ainda aguarda uma resposta do ex-deputado Valdemar da Costa Neto sobre os rumos do PR. Embora desfiliado do partido, é Valdemar quem controla a legenda. Segundo dirigentes do “blocão”, Valdemar deve participar de um jantar com os quatro partidos nesta quarta-feira.

Avaliações de bastidores sobre o destino de algumas dessas siglas podem beneficiar o presidenciável do PDT. O Solidariedade, por exemplo, na leitura feita pelo Jornal o Globo, acredita que Ciro Gomes tem mais chance de decolar nas pesquisas de intenção de voto do que Alckmin. Esse também é o pensamento de Nogueira, embora, no PP, a posição de seu presidente não seja unânime. O próprio Alckmin identificou a preferência do PP por Ciro Gomes e, na semana passada, fez um cerco a dirigentes do partido. Na ocasião, o tucano conversou com o presidente da legenda e com o deputado Ricardo Barros (PP-PR), ex-ministro da Saúde.

Segundo aliados, o senador rejeitou especulações sobre o PP indicar a senadora Ana Amélia (PP-RS) para vice de Alckmin. Os tucanos acenaram com a possibilidade, mas a senadora gaúcha não é do grupo do presidente da legenda. Apesar de bombardear Alckmin, o cacique do PP não quer perder a parceria com o

No DEM, o tom cauteloso é assumido pelo presidente ACM Neto. Há resistência a um apoio a Ciro Gomes, que não tem identidade com a legenda, que é aliada histórica do PSDB e sempre esteve na oposição ao PT e ao PDT. Deputados importantes no quadro partidário, como Mendonça Filho (PE) e Rodrigo Garcia (SP), fazem campanha por uma aliança com Alckmin.

No encontro realizado em São Paulo no último sábado, Ciro Gomes se comprometeu a elaborar um amplo documento com propostas. Até mesmo o presidente do PRB, Marcos Pereira, que apoia Alckmin nos bastidores, gostou da conversa.

Dirigentes do “blocão” disseram que Valdemar deu novos sinais nesta segunda-feira de que está com dificuldades de fechar uma aliança com o pré-candidato do PSL, Jair Bolsonaro. Segundo as conversas, Valdemar contou que tem problemas em alguns estados com Bolsonaro, como os palanques de Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. Com o início das convenções na sexta, é provável que, até quinta-feira, muitas definições sejam adotadas em relação ao blocão.