O consumo de energia no Brasil caiu 8% na segunda quinzena de março, quando medidas de isolamento social para enfrentar a pandemia do coronavírus já estavam em vigor em parte do país. A queda nas vendas é motivo de preocupação no setor, por gerar riscos financeiros às distribuidoras de eletricidade, que têm hoje contratos de compra de energia em volume superior ao que podem vender.
A estimativa de redução no consumo foi feita pela Câmara Comercializadora de Energia Elétrica, em estudo que compara o desempenho do setor nas duas semanas de isolamento com períodos anteriores. A redução é mais intensa no mercado livre de energia que concentra grandes clientes comerciais e industriais, do que no mercado cativo, onde estão o comércio de rua e as residências. Os dados mostram que o ritmo de redução se acelerou à medida em que o isolamento foi sendo estendido. Os cortes são mais intensos durante o horário comercial, quando lojas e escritórios ficam abertos.
As empresas compram grande parte da energia em leilões do governo, com contratos de longo prazo baseados em previsões futuras de demanda. As regras das concessões garantem uma margem de erro de 5% para cima ou para baixo. Depois disso, elas têm que arcar com o prejuízo. A situação preocupa o governo porque as distribuidoras são consideradas o caixa do setor elétrico: são elas que arrecadam o dinheiro da conta de luz para repassar a geradores, transmissões, impostos e encargos setoriais.