Após vencer na Câmara dos Deputados a batalha para não ser investigado por corrupção, o presidente Michel Temer aposta em medidas populares e que, principalmente, não tenham impacto nas contas públicas. Segundo fontes ouvidas pelo GLOBO, o governo distribuirá R$ 7 bilhões em dividendos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) aos trabalhadores. Como é a primeira vez que essa repartição de lucros será realizada, o anúncio será feito pessoalmente pelo presidente numa cerimônia no Palácio do Planalto.

O valor representa a metade do resultado positivo do fundo no ano passado. Internamente, a cifra já está definida, mas o montante ainda tem de ser aprovado pelo Conselho Curador do FGTS. Esse dinheiro será dividido proporcionalmente aos trabalhadores que tinham recursos depositados nas contas do fundo até 31 de dezembro de 2016.

— Isso nunca aconteceu antes — afirmou um técnico do governo, que completou: — É a primeira vez na vida do FGTS que dividendos serão distribuídos.

Dividir lucros com os trabalhadores era uma ideia que já existia desde o ano passado. Ela surgiu porque vários técnicos da equipe econômica e conselheiros políticos do presidente Temer defendiam a melhora da rentabilidade do FGTS, que é de cerca de 3% ao ano. Atualmente, ela é suficiente para proteger o cotista da inflação. No entanto, no passado recente do país, isso significava perder de longe parte dos recursos para o aumento de preços.

Houve, entretanto, resistência à proposta, porque aumentar os rendimentos para o trabalhador significa elevar o custo dos financiamentos da casa própria para as famílias de renda mais baixa. O dinheiro usado para isso vem dos depósitos nas contas do FTGS. A saída encontrada pelos técnicos foi dividir o lucro com os cotistas.

O governo aproveitou a medida provisória que permite o saque de contas inativas do FGTS para estipular que, todo ano, metade do lucro será repartida com os trabalhadores.  Esse dinheiro não entra automaticamente na economia brasileira. Ele começará a circular apenas quando as pessoas forem demitidas ou comprarem a casa própria e, assim, puderem sacar o dinheiro.

— Não entra na economia imediatamente, mas não quer dizer que não entra. Quando o trabalhador perder o emprego ou procurar um financiamento imobiliário, vai ter mais dinheiro na conta. Isso movimenta a economia — afirmou um integrante do governo.

 

Com informações O Globo