O dia 4 de agosto de 2022 fica encerrado com uma das mais tristes páginas da história do PSDB no Ceará. A data é marcada pelos conflitos internos que ameaçam o partido a ficar, pela primeira vez em seus 34 anos de existência, sem eleger um só deputado federal. A briga sobre os rumos do partido provocou intervenção e pode parar na Justiça. A convenção teve os atos anulados e uma nova reunião será realizada, nesta sexta-feira, para o PSDB oficializar a coligação com o PDT.
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A crise interna eclodiu a partir da decisão do senador Tasso Jereissati de anunciar o apoio do PSDB à candidatura de Roberto Cláudio (PDT) ao Governo do Estado. O partido ficou dividido e a expectativa era sobre os desdobramentos do gesto do líder tucano na convenção para oficializar apoio a Roberto Cláudio.
A decisão de Tasso, anunciada de forma isolada, foi contrariada na convenção realizada, nesta quinta-feira, quando, por 7 votos, o Colegiado da Federação PSDB-Cidadania decidiu, ao invés da aliança com o PDT, adotar a neutralidade nas eleições de 2 de outubro. A convenção foi encerrada após muita confusão e mobilização de advogados para buscar uma solução jurídica que não barre a aliança com o PDT.
Os tucanos reagiram, Tasso pediu ao presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, que é, também, presidente nacional da Federação, para anular os efeitos da convenção estadual. Poucos minutos após o pedido, uma resolução tornou sem efeitos os atos da convenção.
Em uma segunda decisão, Tasso conseguiu destituir o empresário Chiquinho Feitosa do cargo de presidente regional do PSDB e do comando estadual da Federação PSDB-Cidadania. O próprio Tasso foi nomeado para a dupla missão – presidente regional do PSDB e presidente estadual da Federação que une os dois partidos.
Chiquinho estava decepcionado porque entrou no PSDB, após convite de Tasso Jereissati, para comandar o partido e conduzir a sigla nas eleições de 2022. Com esse aval, Chiquinho abriu diálogo com o ex-governador Camilo Santana e trabalhou para o PSDB se coligar com o PT. Como contrapartida, Chiquinho seria primeiro suplente de Camilo. Tasso achou, porém, que esse não era o melhor caminho e levou o PSDB para uma coligação com o PDT, o que abriu a crise e provocou o racha no partido.
Chiquinho argumentou que não poderia se aliar ao PDT porque o seu adversário na Região dos Inhamuns, Domingos Filho, passou a compor, como vice, a chapa de Roberto Cláudio. Irritado, Chiquinho deu o troco na convenção ao atrair votos e garantir que, ao invés do apoio a Roberto Cláudio, o PSDB, com o Cidadania, deveria ficar neutro na disputa ao Governo.
A crise ganhou novas proporções, Chiquinho foi destituído do comando do PSDB e, como troco, decidiu implodir a chapa do partido que concorre à Câmara Federal. Uma das conseqüências do racha é que, sem nomes de expressão eleitoral na chapa à Câmara, o PSDB corre o risco de não eleger um só deputado federal.