Uma infância sedentária pode carimbar o passaporte para uma vida adulta com doenças crônicas graves. Essas crianças têm risco aumentado para apresentar altas taxas de colesterol (LDL) precocemente e encarar problemas cardíacos na faixa dos 40 anos, de acordo com trabalho publicado no fim de 2023 no “The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism”.
Crianças nas quais exames detectaram colesterol alto podem apresentar sinais de doença coronariana já aos 20 anos e um risco maior de morte prematura aos 40.
“Nosso estudo mostra que o sedentarismo contribui com dois terços do aumento dos níveis de colesterol no início da vida adulta”, detalhou Andrew O. Agbaje, professor da University of Eastern Finland. “Também descobrimos que uma atividade física leve na infância é de cinco a oito vezes mais eficaz do que o exercício de moderado a vigoroso que é necessário para reverter o quadro mais tarde.”
Os pesquisadores acompanharam crianças de 11 anos durante 13 anos, mostrando como hábitos pouco saudáveis tendem a se tornar ainda piores ao longo do tempo: foi constatado que seis horas de sedentarismo na infância chegavam a nove horas diárias entre adultos jovens, contribuindo em até 70% para aumentar seus níveis de colesterol.
Outro estudo publicado no final de 2023, na revista científica “PLOS ONE”, se entrelaça com esse: com base nas informações do UK Biobank, que reúne dados de 500 mil britânicos, os pesquisadores concluíram que ter hipertensão e colesterol alto antes dos 55 anos leva a um cenário de risco persistente para doença coronariana na velhice, mesmo que a pessoa consiga baixar suas taxas. Os dois trabalhos convergem para a importância de manter um estilo de vida saudável e controlar os fatores de risco desde cedo, uma vez que, além do histórico familiar, os danos se acumulam ao longo da existência.