O deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o homem apontado como seu ex-operador de propina, Lucio Funaro, voltaram a se sentar frente a frente hoje (27) na Justiça Federal em Brasília. Eles já haviam se encarado ontem (26), quando o ex-deputado se recusou a cumprimentar o analista financeiro quando este lhe estendeu a mão.

Em delação premiada, cujos depoimentos foram recentemente divulgados no site da Câmara dos Deputados, Funaro disse que Cunha funcionava com uma espécie de “banco de propina” para o PMDB. O ex-deputado nega as acusações.

Preso preventivamente em Curitiba, Cunha foi autorizado a se deslocar para Brasília para prestar depoimento presencial e acompanhar as oitivas da Operação Sépsis, do qual é réu junto com Funaro. Neste caso, ambos são acusados de operar um esquema de desvios na vice-presidência da Caixa, responsável por gerir o Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FI-FGTS).

Na manhã desta quarta-feira (25), Cunha e Funaro – também preso preventivamente há mais de um ano em Brasília –, acompanharam a continuação do depoimento de Fábio Cleto, ex-vice-presidente de FI-FGTS da Caixa.

Cleto, que também fechou acordo de delação premiada com a Justiça, contou por meio de videoconferência a partir de Campinas, onde se encontra preso, detalhes sobre o esquema de pagamento de propina que afirma ter sido comandado por Cunha. Ele confirmou ter sido indicado ao cargo por Cunha, a quem foi apresentado por Funaro.

Entre os diversos esquemas relatados por Cleto, que ocupou a vice-presidência da Caixa entre abril de 2011 e abril de 2015, está o desvio de 1,5% dos recursos liberados pelo banco público para o Porto Maravilha, plano de investimento na zona portuária do Rio de Janeiro cujo orçamento ultrapassou os R$ 3,5 bilhões.

Enquanto ouvia, a todo momento Eduardo Cunha fazia anotações e conversava com seu advogado. Ele chegou à sala de audiências com uma mala repleta de documentos.