Embora o recesso parlamentar tenha acabado e agora seja hora de retomar as atividades legislativas, alguns deputados ainda querem se licenciar do ofício para tratar de assuntos de “interesse particular”. No início deste semestre, pelo menos quatro parlamentares decidiram se afastar temporariamente dos trabalhos e ceder o lugar aos suplentes.
A prática, porém, muitas vezes não ocorre por real necessidade e sim para atender interesses de aliados e cumprir acordos políticos. Uma reportagem do Diário do Nordeste mostrou que um dos compromissos firmados na base de apoio do governador Camilo Santana (PT) é que deputados eleitos na coligação formada por PP, PDT, PL, DEM e PRP façam um “rodízio” para dar vez ao segundo suplente, Manoel Duca (PDT), que não conseguiu a reeleição.
Essa é uma ação que faz parte da estratégia do grupo governista para acomodar os aliados que não foram reeleitos em 2018. Lucílvio Girão (PP), primeiro suplente da coligação, foi o primeiro a assumir uma cadeira na Assembleia no lugar do deputado Zezinho Albuquerque (PDT), que se licenciou do mandato para comandar a Secretaria das Cidades.
Manoel Duca (PDT), segundo suplente da coligação, assumiu pouco depois uma vaga de deputado, no lugar de Fernando Hugo (PP), que pediu licença médica de 150 dias. Desta vez, o escolhido foi o deputado Bruno Pedrosa (PP). Ele diz que não houve orientação do Governo do Estado para se afastar do mandato. “
O deputado Leonardo Araújo (MDB) também vai se licenciar por 120 dias neste segundo semestre. O pedido de afastamento foi protocolado na Assembleia na última sexta-feira (2). No lugar do parlamentar emedebista, assume o primeiro suplente Davi do Raimundão (MDB).
Bruno Gonçalves (Patriota) também resolveu pedir licença do mandato pelo mesmo período de 120 dias, para “cumprir o acordo partidário”. O primeiro suplente do partido, “Gordim Araújo”, vai assumir a cadeira do titular no Legislativo. Bruno diz que a mudança é um “acordo de elegância”.
Suplente, Toni Brito (Pros), por sua vez, está no exercício do mandato há um mês, no lugar do deputado Soldado Noélio (Pros). Ele defende ter “legitimidade” para assumir a cargo. “Eu represento a Segurança Pública. Hoje, sou uma voz da Polícia Civil e da sociedade. Acho muito digno do parlamentar que tem a titularidade do mandato e abre para que o suplente assuma. Não é um acordo que existe às escuras”, diz ele, escrivão da Polícia Civil.
Para o presidente da Assembleia, José Sarto (PDT), a quantidade de deputados licenciados, neste ano, é “bem menor” que a média histórica da Assembleia. Ele faz questão de enfatizar que os parlamentares que tiram licença para “interesses particulares” não têm direito a salário.