O PSDB apresenta, nesta quinta-feira, a partir das 20:30 horas, em rede nacional de rádio e televisão, o dilema enfrentado pelo partido após se aliar ao Governo do presidente Michel Temer. É o primeiro programa a ser levado ao ar após as denúncias que obrigaram o senador Aécio Neves (PSDB) deixar o comando nacional do PSDB. Hoje, o partido tem como presidente interino o senador cearense Tasso Jereissati. Aécio quer o PSDB com cargos e mais presente no Palácio do Planalto. Tasso quer o PSDB sem cargos e fora do Governo, mas comprometido com as reformas previdenciária e tributária.

O programa nacional do PSDB foi antecedido de chamadas e frases com o conteúdo a ser levado ao ar. O programa tem a digital do senador Tasso Jereissati e chama o atual modelo de governo de “presidencialismo de cooptação”. A peça, com dez minutos de duração, é uma continuidade da inserção de 30 segundosapresentada na semana passada, em que a sigla admite ter cometido “erros”.

Em tom de autocrítica dos tucanos, o programa constrói uma narrativa dizendo que o atual modelo, o presidencialismo, faliu. E, por fim, defende que o Brasil adote o parlamentarismo, bandeira do PSDB desde sua fundação, em 1988.

O vídeo traz um histórico de ações feitas pelo PSDB, como a criação do Plano Real, do Bolsa Escola (que deu origem ao Bolsa Família) e da Lei de Responsabilidade Fiscal. Tais medidas são apontadas como “acertos” da sigla, mas a cada ponto positivo, um dos narradores pondera: “mas agora, errou”.

“Quem pensa no Brasil tem que ter coragem para apontar o que está errado”, diz o programa. O narrador diz ainda que as críticas têm de ser feitas sem agressão.

Na sequência são mostrados vídeos em que senadores da oposição trocaram ofensas e ocuparam a mesa diretora do Senado durante a votação da reforma trabalhista, no primeiro semestre.

“O PSDB sabe que é hora de assumir os seus erros”, diz um narrador, acrescentando que a sigla cedeu ao fisiologismo. Tucanos ocupam atualmente quatro ministérios no governo Michel Temer.

O vídeo fala que o país atravessa a “pior crise da história da República”.

“Depois do mensalão, do petrolão, temos mais um presidente com dificuldade de governar, de unir os brasileiros”, diz o texto no momento em que há apenas uma menção direta a Temer, quando é exibida sua foto.

Para evitar conflitos com o governo, a presidência do PSDB evitou fazer menções diretas ao governo. O senador Tasso Jereissati (CE), presidente interino do partido, disse à Folha que o objetivo não é atacar Temer, mas o sistema atual.

Por fim, o programa fala que dos quatro presidentes eleitos após a redemocratização, dois sofreram impeachment e que o modelo está falido devido à existência de “muitos vícios”.

RACHA

A divulgação de um primeiro vídeo, na semana passada, irritou diferentes alas do PSDB.

Deputados que votaram para barrar a denúncia por corrupção contra Temer se sentiram atingidos com a mensagem de “erro”.

Já aliados do senador Aécio Neves (MG), entendem que o programa era um ataque indireto ao tucano, alvo de denúncia apresentada ao STF após o escândalo da JBS.

Tasso tem defendido que o PSDB entregue os quatro ministérios ao Palácio do Planalto. O movimento do senador enfrenta barreira entre os ministros e tucanos governistas, especialmente da ala próxima a Aécio.

Com informações O Valor Econômico