A disputa interna no PDT sobre qual nome será lançado ao Governo do Estado antecipou movimentos de bastidores pelo comando da Assembleia Legislativa. A briga é pouco visível, mas é perceptível para quem se insere nos bastidores políticos e sente os desdobramentos de conversas entre os que manifestam simpatia por um dos nomes do PDT à sucessão estadual.
O repórter Carlos Alberto, em participação no Jornal Alerta Geral, antecipa informações sobre a queda de braço antecipada pelo comando da Assembleia Legislativa. O assunto ganha destaque na análise do Bate Papo, no Jornal Alerta Geral, com a participação do jornalista Beto Almeida.
Confira na íntegra a participação no Bate Papo Político do correspondente, Carlos Alberto
SAÍDA DE EVANDRO LEITÃO
Uma das primeiras conseqüências da disputa interna na base governista é a decisão do atual presidente da Assembleia, Evandro Leitão (PDT), de se engajar ao grupo que defende o nome da Governadora Izolda Cela como candidata do PDT ao Governo. Evandro, também, se apresentava como pré-candidato ao Palácio da Abolição, mas decidiu priorizar o que sempre esteve nos seus sonhos: um novo mandato à frente da Mesa Diretora do Legislativo.
A decisão de Evandro Leitão foi precipitada por outro movimento: aliados de Evandro sentiram as articulações do deputado estadual Sérgio Aguiar (PDT) para fortalecer o nome do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio. Como contrapartida à missão que passa a cumprir, Sérgio ganha apoio para, em uma vitória de Roberto Cláudio, conquistar a Presidência da Assembleia Legislativa.
Evandro tem direito, com base no Regimento Interno da Assembleia Legislativa, a concorrer à reeleição e, por esse motivo, é considerado, nesse quadro, como o nome de consenso. A pré-candidatura à reeleição depende, porém, de depois pontos: primeiro, a reeleição de deputado estadual do próprio Evandro, e, segundo, a vitória de um nome do PDT à sucessão estadual.
Evandro passa pelo primeiro quesito sem atropelos e, entre os seus assessores, a estimativa é que o novo mandato será conquistado com mais de 100 mil votos. O segundo ponto (vitória do PDT ao Governo) não pode ser cravado tanto quanto a facilidade para Evandro se reeleger deputado estadual.
SÉRGIO AGUIAR SONHA COM PRESIDÊNCIA DA AL
As informações que circulam nos bastidores políticos sobre uma possível aliança entre Roberto Cláudio e Sérgio Aguiar, envolvendo a Presidência da Assembleia Legislativa, entram no campo das especulações e refletem os interesses que sempre estão no jogo da disputa pelo poder. Nada de surpresa, nem de algo considerado estapafúrdio. De um lado, Evandro quer continuar à frente da Mesa Diretora do Legislativo. Do outro, Sérgio Aguiar, que vai para o seu quinto mandato consecutivo.
A primeira tentativa de Sérgio para chegar ao comando da Assembleia Legislativa provocou o maior racha na história de 16 anos do ciclo de poder dos irmãos Cid e Ciro Gomes. Em 2016, Sérgio se lançou candidato contra o então presidente José Albuquerque (PDT), que tinha direito à reeleição. Sérgio ganhou apoio de mais de 20 deputados estaduais e do então presidente do TCM (Tribunal de Contas dos Municípios) e ex-vice-governador Domingos Filho.
A entrada de Sérgio Aguiar na disputa pela presidência da Assembleia exigiu esforços redobrados do então governador Camilo Santana e dos irmãos Cid e Ciro. Camilo e Cid correram para mudar o jogo e conquistaram o apoio do então senador Eunício Oliveira que, com o MDB, garantiu a vitória de José Albuquerque. A guerra antecipada por Sérgio Aguiar abriu feridas na base governista e levou Camilo e Cid, como resposta ao grupo de Domingos Filho, a extinguir, por meio de uma emenda à Constituição do Estado, o TCM. Sérgio se distanciou, mas, aos poucos, se reincorporou ao grupo pedetista.
Derrotado, Domingos se recolheu, mas, como bom articulador, reconstruiu a base política, deu a volta por cima e, sete anos após a extinção do Tribunal de Contas dos Municípios, se transformou em um dos mais principais aliados do PDT. E, nos conflitos para escolha do nome do PDT ao Governo do Estado em 2022, Domingos torce e trabalha para o PSD ser chamado a integrar a chapa majoritária que poderá ter Roberto Cláudio ou Izolda Cela. Ou, ainda, um nome surpresa, como admitiu o presidenciável Ciro Gomes.