O agronegócio, grande impulsionado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no ano passado, continua sendo visado pelos presidenciáveis. Candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes (PDT), por exemplo, escolheu como vice a senadora Kátia Abreu (PDT-TO), ex-presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), enquanto Geraldo Alckmin (PSDB) terá no posto a senadora Ana Amélia (PP-RS), integrante da bancada ruralista. O setor tem demonstrado simpatia por Jair Bolsonaro (PSL).

Apesar de ela ter sido presidente da CNA, lideranças do agronegócio afirmam que Kátia se desgastou com o setor ao virar ministra da Agricultura da presidente Dilma Rousseff (PT), de quem se tornou uma das principais aliadas e amiga. “Nada contra a senadora (Kátia), mas esse viés de esquerda que ela tomou não é o do setor. Eu acho que ela foi uma boa ministra, fez coisas importantes, mas quando apoiou a Dilma, perdeu o respaldo do setor”, disse a presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputada Tereza Cristina (DEM-MS).

Esteio do PIB

Kátia era do antigo PFL (hoje DEM), passou pelo PSD, MDB e se filiou ao PDT no ano passado. Em 2010, durante a tramitação do Código Florestal no Congresso, ela ganhou o troféu “Motosserra de Ouro” dado como protesto pelo Greenpeace.

Ciro sempre quis alguém do setor produtivo como vice e chegou a convidar o empresário Josué Gomes da Silva, da Coteminas. Ele é filiado ao PR e seu partido aderiu a Alckmin. A partir daí, o candidato do PDT passou a priorizar, sem sucesso, as alianças — primeiro com o PSB, e depois com o PCdoB. Ciro tentou que esse último retirasse a candidatura de Manuela D’Ávila e a indicasse para compor sua chapa.

Coligado apenas com o nanico Avante, o presidenciável do PDT foi forçado a montar uma chapa pura e recorreu a Kátia Abreu para tentar conquistar o eleitorado feminino e por seu histórico de liderança rural.

A expansão de 13% da agropecuária no ano passado puxou a alta de 1% do PIB, após dois anos de queda. O setor teve o melhor resultado desde 1996 e respondeu por 70% do resultado do Produto Interno Bruto de 2017, segundo o IBGE.

“A escolha de pessoas historicamente vinculadas ao setor rural tem retorno eleitoral, sensibiliza. Eu vejo na Ana Amélia uma condição um pouco melhor do que a Kátia Abreu para obter dividendos políticos. A Ana Amélia é muito integrada no Rio Grande do Sul, é conhecida em Santa Catarina e no Paraná”, afirmou o deputado Reinhold Stephanes (PSD-PR), ministro da Agricultura no Governo Lula.

Ao escalar Ana Amélia como vice, Alckmin tenta recuperar o eleitorado do PSDB no Sul, que, de acordo com as pesquisas, tem migrado para o candidato do Podemos, senador Alvaro Dias (PR), e no Centro-Oeste, que tem indicado preferência por Bolsonaro.

O candidato do PSL tem conquistado os ruralistas com propostas como a liberação de armas para proprietários de terra, ataques ao MST e facilitação da liberação de defensivos agrícolas. “O agronegócio é Bolsonaro, uma parte. A senadora Ana Amélia pode influenciar as pessoas que têm dúvida. Ela está chancelando a política do Alckmin”, disse a presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária.

A CNA afirmou que não tem se posicionado sobre candidaturas individuais e que promoverá um encontro com os presidenciáveis.

Com informações do Jornal O Globo