A reforma estabelece que cada ano de trabalho garante mais 1% da média das contribuições no valor da aposentadoria
A reforma estabelece que cada ano de trabalho garante mais 1% da média das contribuições no valor da aposentadoria
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Boa parte dos brasileiros já se aposenta por idade, isto é, aos 65 anos. Por conta dessa tendência, a regra proposta pela reforma da Previdência – que estabelece essa idade como a mínima para aposentadoria – não vai representar grandes mudanças para a população. A afirmação é do superintendente na área de Planejamento e Pesquisa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Fabio Giambiagi, durante seminário sobre a reforma da Previdência, realizado nesta segunda-feira (10).
O evento contou com palestras de economistas e representantes do governo federal, como o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles; o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira; e o secretário de Previdência, Marcelo Caetano. Em sua apresentação, Giambiagi fez uma breve radiografia dos benefícios que seriam alcançados com a adoção das novas regras propostas pelo governo e demonstrou estudos que embasam as principais medidas que estão sob análise.
O economista considera que a regra de aposentadoria por idade mínima, aos 65 anos, com 25 anos de contribuição, é “absolutamente natural”, que não há injustiça social e que aquilo que é proposto no Brasil, em termos de benefício à população, é superior em comparação a outros países. “Quem chegar a essa idade com o tempo de contribuição necessário terá direito a 76% da média de contribuições. Essa é uma taxa elevada em termos mundiais”, afirma.
A PEC da reforma estabelece que cada ano de trabalho após os 65 anos garante mais 1% da média das contribuições no valor da aposentadoria. Nas regras atuais, de acordo Giambiagi, com um ano a mais de trabalho, o cidadão recebe de 6% a 7% no valor da aposentadoria. “Mesmo assim, é comprovado que elas preferem e optam por se aposentar mais cedo. Ou seja, essa regra não traz grandes mudanças”, declara o economista.
Despesa crescente
Giambiagi apresentou, também, dados que demonstram que o Brasil vai na contramão da tendência mundial. Enquanto em outros países os gastos com aposentadorias é proporcional à população idosa, aqui, a despesa é maior do que o esperado do perfil demográfico brasileiro. “O Brasil é o único país jovem que gasta muito com previdência, e isso é discutido há 30 anos. A despesa com o INSS [Instituto Nacional de Seguro Social] era de 2,5% do PIB. Neste ano, vai ser de 8,5%. Historicamente, há um crescimento praticamente contínuo desse índice”, alerta.
Além disso, os gastos com Previdência, de acordo com o economista, só tendem a crescer, porque o perfil populacional do Brasil está mudando. De acordo com informações da Secretaria de Previdência, até 2050, a população de idosos no País deve triplicar. “É uma realidade cada vez mais onerosa e que ameaça áreas sociais. Em função do crescimento dessa despesa, os investimentos em educação, saúde e programas como Bolsa Família serão reduzidos.”
Fonte: Portal Brasil