Deputado federal reeleito com a maior votação da história, com mais de 1,8 milhão de votos, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou que novo presidente da Câmara Federal terá que ter um “perfil trator”. A declaração em entrevista ao programa Poder em Foco, do SBT, exibido na madrugada desta segunda-feira, 5.

“Porque a gente sabe como vai ser a atuação da esquerda. Bastou Bolsonaro ser eleito e eles já falaram que vão fazer de tudo para desestabilizar. Acho que no 1º de janeiro já vai ter pedido de impeachment. Então com esse tipo de oposição, não tem como dar ouvidos, é tratorar”, declarou o parlamentar.

Questionado sobre como o governo de Jair Bolsonaro pretende mudar o jeito de fazer política, sem o “toma lá dá cá”, Eduardo Bolsonaro respondeu que apoiar alguém de fora do partido para a presidência da Câmara seria uma estratégia para incluir mais legendas na base e, assim, aumentar a governabilidade.

Eduardo minimiza a possibilidade de seu partido liderar a Casa e diz que já há articulações para a continuidade do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mas também para apoiar as candidaturas de Capitão Augusto (PR-SP), Alceu Moreira (MDB-RS) e Delegado João Campos (PRB-GO), entre outros nomes.

Eduardo afirma que outra ferramenta para garantir a governabilidade será um possível aumento da bancada do PSL, eleita com 52 deputados, por conta da atração de deputados que estavam em partidos serão atingidos pela cláusula de barreira. Ele cita também articulações em favor das pautas das bancadas da bala, evangélica e ruralista.

Para os deputados novatos de seu partido, ele recomenda “chegar devagar, entender quem é quem”, e lembra que um dos erros é “generalizar o Congresso Nacional como se todo mundo fosse corrupto”. Eduardo Bolsonaro ainda disse que pretende levar uma parte desses parlamentares para ter aula com o professor Olavo de Carvalho, nos EUA. “Ele é a nossa base filosófica. Aliás, recomendo a leitura do livro O Mínimo que Você Precisa Saber para não Ser um Idiota”, afirmou, referindo-se a uma obra com artigos do escritor organizado por um dos quatro jornalistas que entrevistavam o deputado no programa, Felipe Moura Brasil.

Reforma da Previdência

Bolsonaro afirmou que “seu sentimento de dentro do Congresso” é de que não será possível votar a reforma da Previdência ainda em 2018. “Começaríamos o ano com a reforma”, disse o parlamentar. Segundo ele, seria interessante votar uma reforma da Previdência “suave” em 2018 para “dar um gás” para o próximo governo.

Ele sugeriu mudar as regras para novos entrantes, sem alterar todas as normas de uma vez só. Disse também que o governo teria de dar o exemplo e apertar o cinto sobre as despesas. “Por que de agora em diante não acaba com o auxílio-moradia? De repente, acaba para todo mundo”, exemplificou.

O parlamentar, porém, ponderou que, caso o projeto não passasse, “seria tratado como a primeira derrota de Jair Bolsonaro, antes de ser empossado”. Sobre a aposentadoria dos militares, ele disse que é uma questão que será tratada entre os futuros ministros da Economia e da Defesa, Paulo Guedes e general Augusto Heleno, respectivamente. Mas acrescentou que situações desiguais exigem soluções desiguais, defendendo a diferença entre a Previdência militar e a civil.

Escola Sem Partido

Sobre o projeto Escola Sem Partido, Eduardo Bolsonaro acredita que terá mais chances de ser aprovado no ano que vem, “porque o Congresso será mais conservador.” Segundo ele, o PSL defende a pluralidade de ideias, mas não cria uma lei penal nova, nem direitos e deveres novos. “Hoje já está previsto que professores que tentem doutrinar alunos podem responder judicialmente. O Escola Sem Partido só pretende dar ciência ao aluno.”

Bolsonaro ainda defendeu que os estudantes filmem os professores que estejam “doutrinando” em sala de aula. Sobre a resistência do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação ao projeto Escola Sem Partido, o deputado afirmou que, caso o texto passe no Congresso, a Corte teria de enfrentar a pressão popular.

Moro

O deputado ainda comentou a indicação do juiz federal Sérgio Moro para o Ministério da Justiça do governo Bolsonaro. “Moro é um gol de uma bicicleta de fora da área que Jair Bolsonaro marcou.” O parlamentar ainda disse que o trabalho de Moro na Lava Jato foi imparcial e que “duvida” que alguém possa levantar alguma suspeição contra ele, em resposta a críticas de alguns ministros do STF sobre o convite.

STF e imprensa

Bolsonaro foi questionado sobre suas declarações sobre fechar o STF. A uma semana do segundo turno, em 21 de outubro, foi a público um vídeo em que o deputado respondia a uma pergunta sobre uma hipotética possibilidade de ação do Exército em caso de o STF impedir que Bolsonaro assuma a Presidência. Ele respondeu que, se precisasse fechar o Supremo Tribunal Federal (STF), bastava um soldado e um cabo – e sua declaração criou muito desconforto com o Supremo e com a Procuradoria Geral da República (PGR).

“Hoje em dia, o peso da minha palavra é maior. Não foi uma declaração. Era um bate bapo com estudantes de um cursinho para concurso público. (…) Fica um aprendizado, de tomar mais cuidado com suas palavras”, desculpou-se. Ele aproveitou para falar também de sua relação com a imprensa. “A gente não reclama disso. Teve um veículo da imprensa, que eu não vou falar o nome, falando que eu fui umas 20 vezes para Santa Catarina e para o Rio Grande do Sul – insinuando que eu fui para curtir. Mas eu fui para audiências públicas contra o estatuto do desarmamento e a favor do Escola sem Partido. Mas isso mostra que eles estão de olho”, afirmou.

Com informações do Portal Uol Notícias