A sete meses das convenções para escolha dos candidatos às eleições deste ano, a oposição, formada pelo PSDB, PSD, SD e PR, vive os primeiros momentos de 2018 com muitas incertezas na busca por um candidato que tenha condições políticas e eleitorais de enfrentar o Governador Camilo Santana – candidato a um novo mandato, e a provável entrada do ex-governador Cid Gomes na corrida ao Senado.
A chapa, desenhada com Camilo e Cid, poderá ter, também, o presidente do Senado, Eunício Oliveira, na disputa pela reeleição. A virada de 2017 para 2018 representou, de acordo com a reportagem do Jornal Grande Porto, que circula nesta quinta-feira, um balde de água fria nas pretensões dos dirigentes da oposição que alimentavam – ou, ainda, tentam alimentar, o sonho da candidatura do senador Tasso Jereissati (PSDB) ao Governo do Estado: são cada vez mais remotas aschances do tucano concorrer ao cargo de governador. Chances, para muitos, inexistentes.
Tasso é um dos políticos mais respeitados dentro e fora do Ceará, cultiva um carisma eleitoral invejável, ostenta altos índices de aceitação popular, mas, com mais quatro anos de mandato no Senado e, aos 70 anos, não tem motivação, nem apetite paraenfrentar às urnas como postulante ao Palácio da Abolição. Os desdobramentos da crise interna do PSDB que o tiraram o projeto de comandar a Executiva Nacional funcionam, também, como desestímulo para qualquer projeto local em 2018.
O diagnóstico acima é duro, mas real. A oposição, em peso, gostaria de tê-lo como candidato ao Governo do Estado, mas as circunstâncias e a história na política não o permitem ilusão, nem aventura. Com uma trajetória única no Ceará – três mandatos de governador e dois de senador, Tasso Jereissati bate nos 70 anos na metade do segundo mandato no Senado. Está realizado e por quais razões entraria na disputa pelo Palácio da Abolição? Correr o risco de encerrar a carreira com uma derrota é outro componente que mantém Tasso Jereissati distante de uma candidatura ao Executivo Estadual.
Há, ainda, outros fatores que contribuem para deixar o tucano no ninho sem turbulência: a situação administrativa e política é favorável à reeleição de Camilo Santana. Ao começar o quarto ano do seu primeiro mandato, Camilo Santana comemora números favoráveis à economia do Ceará, ganha o noticiário nacional por ser um dos poucos governantes a conseguir pagar em dia a folha de salários e os compromissos com fornecedores e mantém um calendário de obras que poucos colegas governadores conseguiram.
O campo político, empurrado pela saúde financeira e administrativa do Estado, ajuda ao atual governador a pensar firme na reeleição: Camilo, se confirmada a aliança com Eunício Oliveira, atrairá, no primeiro turno da eleição, o apoio de 170 dos 184 prefeitos. O número poderá ser ainda maior.
A máquina municipal, combinada com a estrutura política e administrativa que cercam os prefeitos, mesmo com todo o desgaste pelo cansaço de ciclo, funciona e faz a diferença em qualquer corrida eleitoral. Outro fator: a oposição, pelo quadro atual, está rachada e perdeu a sigla – o MDB, que a permite mais tempo na propaganda de rádio e televisão, mais recursos do futuro partidário e, também, uma fatia dos gestores municipais.
Soma-se aos aspectos expostos, a força dos recursos e das obras articuladas pelo senador Eunício Oliveira que, ao lado de Camilo, faz uma parceria com resultados favoráveis ao andamento de projetos no Interior (construção do Hospital Regional do Vale do Jaguaribe, funcionamento do Hospital do Sertão Central, Cinturão das Águas e Transposição do São Francisco) e na Grande Fortaleza (viadutos, VLT, metrofor, etc). Sem Tasso candidato a governador, a oposição tem nomes como o deputado estadual Capitão Wagner (Senado ou Governo) ou o ex-conselheiro Domingos Filho. Wagner já mandou avisar: não quer aventura e prefere a Câmara Federal. Domingos admite uma candidatura majoritária, mas antes de tudo está preocupado em garantir a reeleição do herdeiro político – Domingos Neto, à Câmara Federal.