O Ceará teve um crescimento assustador no número de homicídios nas últimas duas décadas. O aumento no número de mortes violentas, de 1998 a 2017, foi de 545%, subindo de 941 assassinatos para 5.134, ano em que o número de homicídios bateu recorde. Os governos Cid Gomes e Camilo Santana registraram uma explosão nos números. Em 1998, o Ceará registrou 2,5 homicídios por dia. Já em 2017, a marca saltou para 14 mortes registradas diariamente. A escaladada de violência supera e muito o crescimento populacional do Ceará, que saltou de 7 milhões para 9 milhões no período, um aumento de 28%.
O ano de 2018, ao que parece, não será diferente. A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) ainda não divulgou os números de homicídios em janeiro de 2018, mas a média diária já supera a média de 2017. Conforme apuração, até 15 de janeiro deste ano, 236 assassinatos já aconteceram no Estado, média de 15,7 homicídios por dia. Os dados não contabilizam, portanto, a chacina deste sábado, 27, que registrou 14 mortes – oito mulheres e seis homens – no Bairro Cajazeiras, em Fortaleza, além de sete feridos.
Os dados até 2012 são do Mapa da Violência, enquanto a contabilização de lá pra cá é da SSPDS. A explosão de homicídios ocorreu a partir das duas gestões de Cid Gomes, hoje no PDT, e continuou nos três anos de governo de Camilo Santana (PT) até aqui. Em 2006, por exemplo, a marca havia sido de 1.793 mortes. De 2007 a 2014, os números subiram em todos os oito anos, chegando a 4.439 mortes na despedida de Cid. Ou seja, um crescimento de 147% entre a situação em que o governador recebeu e como a entregou ao seu sucessor.
Os dois primeiros anos de gestão de Camilo Santana (PT) chegaram a apresentar queda nos índices de homicídios. O número caiu para 4.019 em 2015, e depois para 3.407 em 2016. No ano passado, contudo, os números bateram recorde, chegando até 5.136 assassinatos. Embora estudiosos do tema apontassem que a redução se devia a um pacto de paz entre facções criminosas em atuação no Ceará, o Governo do Estado sustentava que a queda se devia ao trabalho das forças de segurança.
Facções entram no discurso
A partir de 2017, com o crescimento do índice mês a mês, Camilo Santana e o secretário de Segurança, André Costa, passaram a reconhecer a existência das facções criminosas em entrevistas, responsabilizando-as pelos homicídios que seriam, segundo eles, resultado de conflitos entre elas.
O mês de outubro terminou como o mais violento da história, com 516 mortes, mais do que a metade registrada em todo o ano de 1998. No fim de 2017, o crescimento no número de homicídios foi de 31% em relação a 2016. Esse índice foi o maior desde 2012, ainda na gestão de Cid, quando o crescimento em relação a 2011 foi de 37%.
Para Leandro Vasques, presidente do Conselho de Segurança Pública, o Estado precisa recorrer a ajuda federal para conter a escalada de violência no estado, pois uma “taxa de homicídios dessa é um absurdo”, critica.
Com informações da Tribuna do Ceará