No segundo trimestre de 2014, o Rio de Janeiro tinha 508 mil desempregados. Quatro anos depois, esse número subiu para 1,3 milhões, uma alta de 160%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio Trimestral (Pnad Contínua), do IBGE. O Rio é o caso mais grave, mas nos outros 26 estados da federação, os próximos governadores também encontrarão uma situação de desemprego muito pior do que a de quatro anos atrás.

Em São Paulo, o número de desempregados saltou 111% em quatro anos. de 1,6 milhão para 3,4 milhões. Em Santa Catarina, 156%: do segundo trimestre de 2014 para o segundo trimestre de 2018, o número de catarinenses que procuravam vagas saltou de 96 mil para 246 mil.

Para lidar com a piora no desemprego, os economistas avaliam que os próximos governos precisarão criar políticas para fomentar o mercado de trabalho e também para facilitar o contato entre empregados e empregadores.

Para Bruno Ottoni, pesquisador associado do Ibre/FGV e IDados, uma medida que poderia ser adotada pelos estados é o desenvolvimento de um ambiente favorável para a criação de agências de emprego com fins lucrativos.

— Nos Estados Unidos existem empresas privadas que têm como função fazer a ligação entre candidato e vaga, e em alguns casos, fornecer alguns breves treinamentos profissionais — diz Ottoni. — Não sei explicar o motivo desse tipo de empresa não existir no Brasil. Pode ser algum entrave legal, talvez. Ou até o fato de que o Brasil não estava acostumado a ver um número tão grande de desempregados. Entretanto, acredito que seria uma boa alternativa, e que poderia ser expandida para todos os estados.

O pesquisador relembra que o governo tem um site para que as pessoas procurem vagas, o Sine. Entretanto, pondera ele, o serviço é pouco divulgado e os estados não teriam orçamento o suficiente para destinar mais recursos a esse tipo de intermediação:

— Em alguns países da Europa, essas agências têm caráter público. Entretanto, na realidade brasileira, com as finanças dos estados desequilibradas, a criação de uma agência pública poderia mais atrapalhar do que auxiliar.

Para Thais Zara, economista-chefe da Rosenberg Associados, o principal fator que contribuirá para uma redução no número de desempregados é a retomada da economia brasileira como um todo.

— O principal pano de fundo para a melhora deste cenário é dar condições para que a economia volte a crescer de forma constante. Além disso, devem ser fornecidos mecanismos para readequar e treinar os trabalhadores, tanto os que estão há pouco tempo desempregado quanto há muito tempo longe do mercado de trabalho.

A pesquisa do IBGE, divulgada na quinta-feira, constatou que 3,1 milhões de desempregados no país buscavam uma vaga há pelo menos dois anos. É o maior patamar de desemprego de longa duração desde que começou a série histórica do IBGE, em 2012.

Todos os estados tiveram aumento no número de desempregados

No Norte, a alta mais expressiva foi observada no Amapá, que em quatro anos viu a quantidade de desempregados subir de 52 mil para 78 mil, uma variação de 129%. No Nordeste, Pernambuco liderou a alta, com um aumento de 129% no número de desempregados em quatro anos: de 311 mil para 710 mil. Entretanto, na mesma região está o estado que teve a menor variação no período. No Rio Grande do Norte, a quantidade de pessoas desempregadas subiu de 174 mil para 201 mil, crescimento de 15%.

Já no Centro-Oeste, Mato Grosso teve a maior alta da região: a quantidade de desempregados subiu 129%, de 64 mil para 147 mil.