Minutos após a vitória na votação da reforma trabalhista, deputados governistas já admitiam nos bastidores que o esforço necessário para conquistar os 308 votos para a reforma da Previdência poderá ser ainda maior que o imaginado inicialmente. Enquanto parte do governo trabalha com a possibilidade de que o tema poderia ser votado ainda em maio, já há quem acene com a necessidade de prazo mais longo para conquistar apoio dos parlamentares.
O próprio líder do governo na Câmara reconhece que há muito o que fazer. Para Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), a votação de ontem à noite mostra que o governo tem obtido “apoio crescente”. “Agora passamos para a etapa de convencimento sobre a reforma da Previdência”, disse, ao comentar que o esforço passa a ser de “convencimento e explicação” sobre o tema.
“Foi uma grande vitória. Tivemos apoio de 296 deputados para alterar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o que mudará as relações trabalhistas”, disse Ribeiro. Questionado sobre eventual votação da reforma previdenciária em maio, ele disse que quer “votar o mais rápido possível”.
O discurso do governo tem mudado o foco para dar mais importância ao resultado da votação e colocar o tema “prazo” em segundo plano. O Planalto tem flexibilizado metas sobre quando a reforma poderia ser aprovada e reforçado o tom sobre a perspectiva de aprovação.
O ministro das Cidades, Bruno Araújo, exonerado temporariamente para voltar à Câmara e apoiar a reforma trabalhista, rejeita a avaliação de que o placar dessa votação tenha frustrado o governo. “O número foi muito próximo do necessário para a reforma da Previdência. Não há qualquer frustração.” Sobre o esforço pela Previdência, Araújo citou que a estratégia do governo será de conversar e convencer “partidos e não bancadas”.
Traição. Com exceção do DEM, em todas as bancadas da base aliada foram registradas traições ao governo durante a votação. O PP – do líder do governo, Aguinaldo Ribeiro (PB) – teve o maior número de votos contra o projeto (nove) e o PMDB, partido do presidente Michel Temer, registrou sete dissidentes.
Mas também houve o inverso: mesmo com a determinação da cúpula para votar contra a proposta, 14 dos 30 deputados do PSB que votaram se mantiveram fiéis ao governo. Tereza Cristina (MS), líder da bancada, seguiu a ordem do partido e orientou voto contra durante a apreciação do texto-base, mas votou a favor do projeto.
No PMDB, os deputados Celso Pansera (RJ), José Fogaça (RS) e Simone Morgado (PA) figuraram na lista dos que votaram contra. O PR também teve sete dissidentes, incluindo Tiririca (SP). No Solidariedade, que orientou voto contra, foram oito votos contra o governo, entre eles do líder Áureo (RJ) e do presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (SP).
O PSD e o PTN tiveram cinco traições; o PRB e o PTB quatro – contando o voto do dissidente Arnaldo Faria de Sá (SP) –; o PSC e o PV duas; e o PPS três – contabilizando o voto do líder da bancada, Arnaldo Jordy (PA). O PSDB teve um voto contra o projeto: de Geovânia de Sá (SC).
A oposição – PCdoB, PT, PDT, PMB, PSOL e Rede – votou fechada contra o texto-base. Partidos menores, como PROS, PEN, PHS, PSL e PTdoB tiveram votos contra e a favor do projeto.
Com informações O Estado de São Paulo