A carência de financiamento de longo prazo e a ineficiência do mercado de crédito no Brasil elevam os juros e o custo dos investimentos em capital e inovação, implicando em produtividade menor, conclui estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O artigo Financiamento do Desenvolvimento no Brasil integra a 59ª edição do Boletim Radar: tecnologia, produção e comércio exterior, divulgado nesta segunda-feira, 27.
O estudo apresenta indicadores do mercado de capitais brasileiro, discute a participação dos créditos livre e direcionado no país e reflete sobre as justificativas econômicas para a intervenção do governo no mercado de crédito, via bancos públicos. Os pesquisadores concluem que a eliminação do custo de participação no mercado de crédito aumentaria o PIB per capita em 7%, por conta do crescimento da participação das firmas com crédito no mercado.
O artigo Comparações internacionais de bancos de desenvolvimento compara grandes países de renda média (como Brasil, China, Turquia e Índia) a grandes países desenvolvidos (como Estados Unidos e Alemanha) e conclui que, apesar das diferenças histórico-institucionais, todos têm em comum a alta participação dos bancos de desenvolvimento em suas economias.
O Radar n° 59 traz, ainda, um levantamento das contratações de créditos livre e direcionado de 378.651 empresas no Brasil, de 2004 a 2017. No artigo Elasticidade-juros e prazo da demanda de créditos livre e direcionado no Brasil, os pesquisadores identificaram as variáveis que afetam a demanda desses créditos para as empresas brasileiras, bem como as variáveis que caracterizam a relação entre esses dois mercados de crédito. Foi elaborado um banco de dados que inclui informações sobre operação de crédito, empresa, banco, modalidade do crédito, origem dos créditos, além de mês e ano da contratação.
Os impactos do crédito direto da Finep no esforço de P&D das firmas beneficiárias é tratado noutro estudo da publicação. A partir da análise de gastos internos e externos em pesquisa e desenvolvimento, os autores concluem que as empresas beneficiadas com empréstimo da Finep tiveram aumento expressivo de esforço tecnológico em comparação com as firmas não beneficiárias.