Francisco trabalha como piscineiro, mas há algum tempo não exerce a profissão devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC) que sofreu – o que comprometeu alguns movimentos do seu corpo. Ele mora com os pais e uma filha de 20 anos, na comunidade Castelo Encantado, no Vicente Pinzon, que é um dos bairros que compreendem a Uniseg 1. A região é assistida pelo GAVV, que engloba projetos como o Ronda Maria da Penha – em uma atividade que consiste no atendimento feito na casa da vítima e com os fundamentos do policiamento comunitário. Mas o trabalho desenvolvido pelos agentes de segurança não para por aí. O agressor também recebe a visita dos policiais e é orientado sobre os preceitos da Lei Maria da Penha, bem como o risco de ser preso caso dê continuidade às agressões. A casa de Francisco entrou no rol de visitas atendidas pelo GAVV já neste ano.
Os policiais foram chamados pela primeira vez para a casa do homem não só para uma visita, mas para detê-lo. Ele foi preso em flagrante por violência doméstica depois de agredir sua filha. O fato ocorreu ainda neste primeiro mês de 2017 e, após alguns dias, Francisco foi liberado. Mas antes de ir para casa ele passou pelo Juizado da Mulher. “Ela (juíza) disse que ele receberia a visita dos policiais”, conta o homem, ao relembrar a diferença entre a primeira e a segunda situação nas quais encontrou com os militares. Francisco é usuário de cocaína e semanalmente ingere bebida alcoólica. Estes são alguns dos fatores que contribuíam para os desentendimentos familiares.
Quando os policiais perceberam a situação de dependência química, ofereceram ajuda. Ele recebeu, do Juizado da Mulher, o encaminhamento para o Centro de Atenção Psicossocial (Caps), localizado no Centro de Fortaleza. O homem foi à instituição, nesta manhã (25), mas ele não estava só. Francisco foi levado para o local, na companhia de sua mãe, pelos três militares que compõem o GAVV da Uniseg 1 – o cabo Ronald Cavalcante Soares, e os soldados Denise Elen de Oliveira Sousa e Leandro Atanasio. “Com essa ajuda, eu vou conseguir fazer o tratamento”, comemora, se referindo ao apoio dos policiais. Ele conta que começou a usar cocaína há dez anos, influenciado por amigos, quando trabalhava como garçom. “Eu trabalhava à noite e usava (a droga) para ficar acordado por mais tempo”.
Francisco disse que seu relacionamento com a filha está voltando ao normal. “Ela fez isso pro bem dele. Ela quis ajudar porque já tinha aconselhado, mas ele não quis”, explica Maria de Fátima (65), mãe de Francisco, sobre o fato de sua neta ter chamado a Polícia para o pai. Para a mulher, a atitude dos policiais “é uma maravilha, uma bênção”. Ela também fala que mudou sua visão sobre o trabalho da Polícia, que veio para ajudar.
A ida deles ao Caps é sucessiva às visitas realizadas pela equipe do GAVV à sua residência. “Os vizinhos quiseram saber, mas eu nem ligo”, declara o homem, ao mencionar a curiosidade dos vizinhos quando observam a chegada da Polícia em sua casa. Ele também fala que aceita e gosta da ajuda dos agentes de segurança. “A pessoa que passa por isso e recebe essa ajuda… só de lhe pegar em casa e lhe acompanhar… é muito bom”. Para o cabo Ronald, é satisfatório ver casos como este. “É gratificante. O que nós pudermos ajudar, nós vamos ajudar. Quando a gente intervém, evita algo maior”, disse.
Outros casos
Ao longo do ano de 2016, vários outros “Franciscos” receberam a ajuda dos militares do GAVV da Uniseg 1. Ao todo, 17 pessoas foram encaminhadas à Rede de Atenção e Cuidado através de intervenções do policiamento. Desde que foi inaugurada a Uniseg 1, em março de 2016, 823 visitas às vítimas de violência foram realizadas e 90 mulheres foram atendidas durante o período. Onze famílias de vítimas de homicídio também receberam atendimento em 2016. As visitas do GAVV da Uniseg 1 são feitas por encaminhamento do Juizado da Mulher ou por ofícios feitos pela Delegacia de Defesa da Mulher.
Fonte: SSPDS