Os feitos históricos de Isaquias Queiroz e Rafaela Silva nos Jogos Olímpicos Rio 2016 foram coroados na cerimônia do Prêmio Brasil Olímpico. O canoísta baiano, primeiro brasileiro a conquistar três medalhas na mesma edição olímpica (duas pratas e um bronze), e a judoca carioca, que superou a decepção de Londres 2012 para subir ao topo do pódio olímpico em casa, foram escolhidos os Melhores Atletas de 2016. Rafaela ainda levou para casa o troféu de Atleta da Torcida, após eleição nas redes sociais do Time Brasil.
Organizada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), a festa de gala do esporte nacional foi realizada na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, nesta quarta-feira 29, e homenageou os principais destaques esportivos do inesquecível ano de 2016, além dos medalhistas brasileiros dos Jogos Olímpicos Rio 2016.
Melhor Atleta do Ano e Atleta da Torcida, Rafaela Silva se tornou a única brasileira campeã olímpica e mundial, título que conquistou em 2013, também no Rio de Janeiro. A judoca conquistou, em 2016, além do ouro olímpico, medalhas como o ouro no Grand Prix de Tbilisi e o bronze no Pan-americano de Havana. Rafaela recebeu da Associação dos Comitês Olímpicos Nacionais um prêmio pelo desempenho mais inspirador dos Jogos Rio 2016.
Rafaela não esteve presente à cerimônia porque está na Geórgia para a disputa do Grand Prix de Tbilisi, mas deixou uma mensagem de agradecimento em vídeo. “Estou muito feliz por receber esse prêmio. Tenho que agradecer a todos que me deram apoio até aqui, meu treinador Geraldo Bernardes, a CBJ, minha coach, o sensei Mario Tsutsui, e a cada um que incentivou a minha carreira. Gostaria que esse meu prêmio servisse de inspiração para que outras meninas. Acreditem nos sonhos de vocês que vocês podem realizar”, disse Rafaela.
Vencedor do Prêmio Brasil Olímpico 2015 e 2016 como melhor atleta da modalidade e também como Atleta do Ano, Isaquias marcou seu nome na história olímpica no Rio 2016. O canoísta se tornou o primeiro atleta brasileiro a conquistar três medalhas em uma única edição dos Jogos Olímpicos: o bronze no C1 200m, a prata no C1 1000m e novamente a prata, dessa vez no C2 1000m, com Erlon Souza.
“Estou muito emocionado por esse prêmio. Estou mais feliz até do que no ano passado, principalmente pelas minhas três medalhas olímpicas. Não foi fácil. Disputar com atletas como Serginho, um ícone do vôlei, e o Thiago Braz, que entrou para a história do atletismo. Quero também dedicar esse prêmio ao meu treinador, Jesus Morlán, que sempre foi um vencedor”, disse Isaquias. Em seguida, o baiano quebrou o protocolo do evento e foi à plateia pedir a namorada Laiana Guimarães em casamento, que está esperando o primeiro filho do casal.
A vitoriosa carreira de Bernardo Rocha Rezende também foi celebrada no Prêmio Brasil Olímpico. Detentor de sete medalhas olímpicas (seis como treinador e uma como atleta), Bernardinho recebeu do COB o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, uma homenagem a grandes nomes e seus exemplos positivos no esporte.
“Tenho andado muito pelo Brasil e tenho visto algo que me preocupa, que é a falta de esperança. Existe um legado que não vem de livros de ficção, mas de histórias reais, como a da menina que sai da Cidade de Deus para se tornar campeã olímpica, ou do cara que sai de Pirituba para se tornar multimedalhista olímpico no vôlei. O esporte transmite valores, e é com projetos no esporte que podemos ter um país verdadeiramente educado e com valores”, afirmou Bernardinho, que corou seu trabalho à frente da seleção com o histórico ouro olímpico no Rio 2016.
O Prêmio Brasil Olímpico revelou ainda os Melhores Técnicos de 2016. O brasileiro Rogério Micale e o espanhol Jesus Morlán marcaram seus nomes na história do esporte olímpico nacional ao trazerem, respectivamente, o tão sonhado ouro do futebol masculino e as inéditas três medalhas para a canoagem velocidade brasileira, elevando a modalidade a um novo patamar no país. Estes feitos os consagraram como os melhores técnicos de 2016 das modalidades coletivas e individual/dupla.
Este é o segundo Prêmio Brasil Olímpico de Jesus Morlán, também eleito o melhor técnico de 2014. Com o trabalho realizado com a canoagem brasileira, Morlán consagrou Isaquias Queiroz com as conquistas de um bronze e duas pratas nos Jogos Rio 2016 – uma delas com Erlon Souza – tornando-o o único atleta brasileiro a conquistar três medalhas em uma edição dos Jogos Olímpicos. Já Rogério Micale recebe pela primeira vez o Prêmio Brasil Olímpico de melhor técnico de modalidades coletivas. Micale foi um dos responsáveis pelo fim de um longo jejum no futebol brasileiro. O treinador levou a Seleção Brasileira de Futebol à conquista do tão sonhado ouro olímpico, levando o país inteiro ao delírio.
Um dos momentos mais emocionantes do evento foi a entrega da medalha de bronze olímpica para as meninas do revezamento 4x100m rasos dos Jogos Olímpicos Pequim 2008. Após uma espera de oito anos, Lucimar Moura, Rosangela Santos, Rosemar Coelho Neto e Thaissa Presti enfim subiram ao pódio olímpico e receberam das mãos do presidente do COB as tão sonhadas medalhas. A correção histórica aconteceu, pois o Brasil havia ficado na quarta colocação na prova, após uma chegada apertadíssima em disputa com a Nigéria. Porém, em agosto passado a equipe do Brasil foi avisada de que herdou a medalha de bronze após o Comitê Olímpico Internacional cassar a o ouro da Rússia. O motivo foi um doping detectado em reanálise de amostras dos Jogos de Pequim. Com isso, a Bélgica ficou com o ouro, a Nigéria com a medalha de prata e o Brasil com o bronze.
O público presente ao Prêmio Brasil Olímpico deste ano viu ainda o nadador Thiago Pereira, maior medalhista da história dos Jogos Pan-americanos (23 medalhas) e prata nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, anunciar sua aposentadoria das piscinas. “Essa é uma noite muito especial. Abri mão de muita coisa, muitos sonhos, encontros com familiares… Esporte é uma carreira dura, é difícil, mas me sinto completamente realizado. Agradeço ao COB, à CBDA, ao presidente Nuzman, ao meu clube Minas Tênis, meu treinador Albertinho e à minha mãe, Dona Rose. Hoje eu deixo as competições, mas não deixo a natação. Deixo com um orgulho imenso de ter representado as cores verde e amarela. O essencial não é ter vencido, mas ter lutado bem”, lembrou Thiago
O futuro do esporte do país também teve seu momento de glória no palco da Cidade das Artes. Samara Arcala Sibin, da ginástica rítmica e Eric Vitor Campos da Silva, do atletismo (na categoria 12 a 14 anos) e Ana Carolina Vieira, da natação, e Felipe Araújo de Santana, da luta olímpica (15 a 17 anos) foram os melhores dos Jogos Escolares da Juventude.
Fonte: Ministério do Esporte