Um ano após o assassinato da travesti Dandara dos Santos, que gerou repercussão internacional após o compartilhamento nas redes sociais do vídeo em que ela aparece sendo brutalmente espancada, o julgamento dos acusados deve começar no próximo mês. A informação é do promotor de Justiça Marcus Renan Palácio, titular da 1ª Promotoria do Júri de Fortaleza.
Além dos cinco réus já pronunciados pela juíza da 1ª Vara do Júri de Fortaleza, Danielle Pontes de Arruda Pinheiro, um sexto acusado que estava foragido também deve ir a júri popular no mesmo julgamento. Das 12 pessoas identificadas como autoras do crime (oito adultos e quatro adolescentes), duas ainda estão foragidas.
Os réus que irão a júri popular pela morte de Dandara dos Santos são acusados de homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e uso de recurso que impossibilitou a defesa de vítima, além de corrupção de menores.
Apesar da repercussão, o assassinato de Dandara não teve impacto no número de casos de LGBTfobia no Ceará, de acordo com Dário Bezerra, integrante da coordenação política do Centro de Resistência Asa Branca. Segundo ele, o não reconhecimento desses casos como crimes de ódio dificulta o entendimento do cenário de vulnerabilidade a que as pessoas LGBT são submetidas.
Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), o número de casos de homicídios de pessoas trans em 2017 foi o maior dos últimos dez anos: 179 em todo o Brasil. O Ceará concentrou 16 dessas mortes, dividindo o terceiro lugar do ranking com São Paulo, atrás de Minas Gerais (20 mortes) e Bahia (17).