A caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou ao fim nessa quarta-feira, 28, com um ato em Curitiba, capital do Paraná. Após dias de protestos contra sua viagem pela região Sul, que culminou com um ataque a tiros contra sua comitiva, Lula disse que durante discurso de quase 40 minutos que pretende fazer novas viagens pelo Norte e pelo Centro-Oeste.

Durante o ato, Lula negou ser “agressivo” ao lembrar as eleições que disputou e perdeu. “Perdia cada eleição e voltava pra casa chorar minhas mágoas. Depois, recomeçava no mês de janeiro. Vocês nunca viram um ato de violência nossa contra qualquer candidato”. O petista fez ainda uma retrospectiva dos ataques sofridos pela caravana. Além dos tiros nos ônibus no interior do Paraná, citou a agressão a quatro mulheres petistas em Cruz Alta (RS), a um casal em Florianópolis e ao ex-deputado Paulo Frateschi em Chapecó (SC).

Apesar do noticiário sobre os protestos e ataques à caravana e militantes petistas, Lula disse que “a imprensa foi conivente com isso o tempo inteiro”, disse. O ex-presidente voltou a desafiar a PF e a Justiça a provarem “qualquer crime que tenha cometido”. Ele já foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em duas instâncias no caso do tríplex, da Operação Lava Jato, e ainda pode recorrer aos tribunais superiores.

O ato público na Praça Santos Andrade, no centro da capital paranaense, foi marcado pelo tom de repúdio à violência com pano de fundo político, como o ataque à caravana e o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes, há duas semanas. A morte do estudante Edson Luís durante a ditadura militar, que completou 50 anos hoje, também foi lembrada em discursos.

Representantes de partidos de esquerda se juntaram ao ato petista, como os pré-candidatos a presidente Manoela D’Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL) e o senador João Capiberibe (PSB-AP) – integrantes do PDT, do pré-candidato Ciro Gomes, não discursaram. Estavam presentes também a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT), o senador Roberto Requião (MDB-PR) e João Pedro Stédile, coordenador nacional do MST, além de vários parlamentares petistas.

Milhares de pessoas enfrentaram chuva e uma demora de quase três horas em relação ao horário marcado para o evento até que Lula chegasse. Enquanto petistas e líderes de movimentos sociais discursavam, os militantes exibiam faixas em defesa do ex-presidente e contra o juiz Sergio Moro. Lula foi recebido no palco por crianças com uma bandeira do Brasil e outra vermelha, rosas vermelhas nas mãos, bonés do MST e balões com a frase “Eleição sem Lula é fraude”.

O misto de festa e de protesto foi uma forma, aparentemente, de fazer um contraponto ao protestos que Lula enfrentou em quase todas as cidades de sua caravana pelo Sul. Em alguns locais, a comitiva foi alvo de pedras e ovos. A oposição ao petista chegou ao patamar mais violento nessa terça, 27, quando dois ônibus da comitiva foram atingidos por tiros na estrada entre Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul, no Paraná. Parlamentares petistas consideraram o ataque como crime político, e presidenciáveis condenaram o ocorrido. A Polícia Civil investiga o caso.

Nessa quarta, em Curitiba, a caravana não foi alvo de ataques, mas moradores de prédios vizinhos à praça Santos Andrade dispararam rojões das janelas no momento em que Lula discursava – tipo de protesto que foi frequente durante a caravana. Antes de Lula discursar, o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ), disse à imprensa que o País está entrando em um momento político no qual a violência pode fazer parte da campanha eleitoral deste ano. “Infelizmente, a violência política vai estar presente nessa campanha eleitoral. Há pedidos de eliminação de candidato”, afirmou.

Mais cedo, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), pré-candidato a presidente, também esteve no Paraná para um ato público. No aeroporto Afonso Pena, na região metropolitana de Curitiba, o parlamentar disse que a esquerda vai “levar um cruzado da direita” na eleição.

No evento, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidenciável, convocou os militantes presentes para um protesto contra Lula no mesmo horário e a menos de um quilômetro do ato de encerramento da caravana. Após a turbulenta caravana, Lula enfrenta daqui a uma semana um julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que vai definir se o ex-presidente deverá ser preso após a condenação em segunda instância no caso do tríplex, da Operação Lava Jato. O atual entendimento do Supremo permite a medida, mas sua defesa afirma que a prisão após a segunda instância viola a Constituição.

Com informações do Uol Notícias