O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), recebeu na manhã desta quinta-feira (28) o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, em um café da manhã na residência oficial para tratar do pacote anticrime.

O encontro, confirmado pela assessoria de ambos, aconteceu uma semana após os dois se desentenderem em razão da tramitação da proposta, enviada em fevereiro ao Legislativo.

Moro queria que a matéria tivesse tramitação tão prioritária quanto a reforma da Previdência, principal medida da equipe econômica e defendida por Rodrigo Maia.

Diante das cobranças, Maia chegou a dizer que Moro conhecia “pouco a política” e estava “passando” daquilo que é sua responsabilidade como ministro, além de ter “copiado e colado” pontos do projeto apresentado por uma comissão de juristas liderada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

‘Relação bastante cordial’

Ainda na manhã desta quinta, horas após o encontro com o presidente da Câmara, Sérgio Moro disse que houve “ruídos de declarações” e que não há mudanças de relacionamento que, segundo o ministro, é bastante cordial.

“O que houve foram ruídos de declarações semana passada, não implica nenhuma mudança de relacionamento, a crença que a liderança dele e o presidente Bolsonaro nós vamos conseguir aprovar o projeto com mudanças, aprimoramentos. Foi mais uma sinalização, já havíamos conversado semana passada, aproveitamos pra renuir hoje, temos uma relação bastante cordial”, disse Sérgio Moro.

O ministro deu a declaração durante entrevista à imprensa sobre 4ª fase da Operação Luz na Infância, Ministério da Justiça em parceria com as polícias civis do estados, deflagrada nesta quinta em todo país para combate a crimes de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes praticados na internet.

Projetos

Os dois textos – dos ministros Sérgio Moro e Alexandre de Moraes – são analisados em conjunto por um grupo de trabalho criado na Câmara. Na prática, a criação do grupo desacelerou a tramitação das matérias uma vez que o colegiado terá até 90 dias para debater e comparar as propostas – ver se elas podem ser unificadas ou não.

Os dois projetos propõem mudanças na legislação penal e processual penal para reforçar o combate ao crime organizado e à violência.

No texto de Moro, enviado ao Congresso em fevereiro, ficou de fora a criminalização do caixa 2, como inicialmente era previsto.

O governo optou pelo fatiamento das propostas, diante de reclamações de políticos que se sentiriam “incomodados” com a tramitação da criminalização do caixa 2 junto com endurecimento da legislação contra o crime organizado e corrupção.

Já com relação à proposta de Moraes, ficou de fora o trecho do projeto que trata do início de cumprimento de pena em regime fechado para casos de corrupção.

Nos bastidores, existe a expectativa de que, na análise dos pacotes, também será retirada do texto a previsão de prisões após condenação em segunda instância.