Apesar de a taxa de emprego no trimestre encerrado em junho, de 13%, ter apresentado o primeiro recuo significativo, o mercado de trabalho no País perdeu 1,093 milhão de vagas com carteira assinada no período de um ano. Segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, o contingente de trabalhadores formais está no patamar mais baixo da série histórica, totalizando 33,331 milhões de pessoas.

O total de postos de trabalho formais no setor privado encolheu 3,2% no segundo trimestre ante o mesmo período do ano anterior, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, a geração de vagas no segundo trimestre foi impulsionada por empregos informais no setor alimentício, além de ocupações como cabeleireiro e motorista.

A surpresa da história contada pelos dados abertos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) no segundo trimestre vem do movimento dos ocupados, avalia o economista Thiago Xavier, da Tendências Consultoria Integrada.

De acordo com o profissional, desde o começo do ano a população ocupada tem caído a ritmos menores e no trimestre terminado em junho contribuiu para a queda da taxa geral de desemprego, de 13,7% nos primeiros três meses do ano para 13% na leitura do mercado de trabalho no trimestre encerrado no mês passado.

De acordo com Xavier, no trimestre encerrado em maio a população ocupada caiu 1,3% e, em junho, recuou 0,6%. “Teve contração no ritmo de queda”, disse o economista, emendando que ao dessazonalizar os dados, a Tendência constatou que o contingente dos desocupados também está se reduzindo. “Estava mais ou menos acomodado em 13%. Em abril caiu a 12,9% e agora ficou em 12,8%”, observou o economista.

Ainda de acordo com Xavier, quando se olha para o aumento da ocupação, o que se constata é que ela decorre fundamentalmente do setor privado sem carteira de trabalho assinada. Esse movimento repercutiu nos dado do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) de junho, que mostrou queda de 3,2% no universo de trabalhadores com registro em carteira comparativamente ao mesmo mês em 2016.

Na mão contrária, afirma o economista, quando se olha para o contingente de trabalhadores sem carteira assinada, observa-se um crescimento de 5,4% na comparação de junho deste ano com idêntico mês no ano passado. “A ocupação cai menos porque o setor privado ligado à informalidade tem apresentado expansão”, disse Xavier. De acordo com ele, a Tendências calcula o grau de informalidade e este tem apresentado ligeiro aumento nos últimos resultados o mercado de trabalho.

Xavier nega que o aumento das contratações de trabalhadores ocupados já teria algum reflexo da reforma trabalhista aprovada e assinada pelo presidente Michel Temer em 13 de julho e que vai entrar em vigor em novembro. “No curto prazo, é difícil prever o resultado líquido da reforma trabalhista. Por isso não atribuo o resultado de maio a uma antecipação da nova legislação”, disse o economista da Tendências Consultoria Integrada.

Xavier destacou ainda o comportamento dos rendimentos, que continuam, de acordo com ele, numa trajetória de expansão.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda média real do trabalhador foi de R$ 2.104,00 no trimestre encerrado em junho, com elevação de 3% em relação ao mesmo período do ano anterior. A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ 185,1 bilhões no segundo trimestre, alta de 2,3% ante igual período do ano anterior.

“A massa habitual está crescendo pela quinta vez consecutiva, o que abre um cenário para uma expansão do consumo, ainda que lenta”, disse Xavier.

Com informações O Estado de São Paulo