A imunização do grupo “deverá ser realizada com as vacinas que não contenham vetor viral”, ou seja, CoronaVac e Pfizer, a qualquer momento da gestação.

A medida havia sido recomendada por entidades médicas em reuniões com o PNI (Programa Nacional de Imunizações). No entanto, a nota do Ministério da Saúde faz uma exigência que não é respaldada pelos especialistas:

“A vacinação das gestantes e puérperas deverá ser condicionada a uma avaliação individualizada, compartilhada entre a gestante e seu médico, do perfil de risco-benefício, considerando as evidências e incertezas disponíveis até o momento. Para a vacinação das gestantes e puérperas deverá ser exigido prescrição médica.”

O infectologista Alexandre Naime Barbosa, membro do Comitê de Monitoramento Extraordinário da Covid-19 da Associação Médica Brasileira (AMB), diz que essa observação dificulta demais o acesso das gestantes à vacina e não havia sido recomendada pela entidade, nem por instituições como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) ou a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

— Não há dúvidas que a vacinação para gestante deve ser feita independentemente de indicação médica — afirma Naime Barbosa. — As gestantes têm alto risco para Covid grave. Todas devem se vacinar. Não sei por que colocaram esse ponto e isso difere do que foi discutido.

A AMB, a SBP, a SBIm e a Febrasgo dizem que a doença “em gestantes e puérperas está associada a risco elevado de morbidade e mortalidade materna, além do maior risco de prematuridade e óbito fetal”. Na nota, o grupo de entidades reforça que “o uso de vacinas Covid-19 em gestantes com e sem comorbidades ou fatores de risco deve ocorrer independente da indicação médica, sendo apenas necessário, se assim for o desejo da gestante ou puérpera, da apresentação do cartão de Pré Natal ou registro do nascimento da criança”.

Alto risco para gestantes e puérperas

Desde o início de 2021 até a primeira semana de junho, foram notificados 7.303 casos de de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em gestantes e puérperas no Brasil provocados pela Covid-19. Destas, 59% (4.288) não tinham nenhuma comorbidade ou fator de risco. No mesmo período, das 991 mortes por Covid-19 entre elas, 444 (45%) ocorreram em mulheres sem comorbidades.

De acordo com nota das entidades, “foi considerado que o risco de agravamento e óbitos em gestantes e puérperas após a infecção por Sars-CoV-2 mostrou uma elevação significativa nas semanas 17 a 23 de 2021, sendo então recomendado a retomada da vacinação contra Covid-19 em gestantes sem comorbidades e/ou fatores de risco com as vacinas inativadas (Coronavac) e de mRNA (Pfizer)”.

A CoronaVac, de vírus inativado, é produzida com tecnologia semelhante às atualmente ofertadas para gestantes no calendário no PNI. Já a vacina da Pfizer/BioNTech foi recomendada para gestantes de risco nos EUA e os dados de monitoramento publicados até o momento demonstram segurança.

As gestantes que já tomaram a primeira dose da AstraZeneca podem aguardar o término do período da gestação e puerpério (até 45 dias pós-parto) para a administração da segunda dose da vacina ou podem tomar a segunda dose “preferencialmente com a vacina da Pfizer e nos locais aonde não estiver disponível, com a Coronavac”.

(*) Com informações O Globo