Ganhamos poder e não foi fácil (ainda não é). Não vou falar das lutas travadas, foram décadas em busca de reconhecimento, mas não podemos deixar de constatar que hoje, mais e mais mulheres se destacam na vida pública e nas grandes empresas, além daquelas que desenvolvem e tocam projetos ambiciosos e bem sucedidos. Uma vitória inegável que nos coloca como CEOs reconhecidas, aclamadas, admiradas. Tudo isso gera, infelizmente, ônus. Paralelo ao prazer da conquista, em seu lastro, amealhamos inveja, peso e cobranças quase absurdas, não vou negar e nem poderia… Para nós, mulheres, as exigências por desempenho chegam às vezes as raias do absurdo, o que de forma alguma nos intimida e, assim, somos responsáveis por elevar o padrão em tudo que fazemos. Toma! Mas… muitas relegam para segundo plano a vida amorosa, por exemplo… Não é fácil ser sucesso vinte e quatro horas por dia abrangendo todas as áreas.

Mas mulher inteligente sempre “dá um jeito” …

Ministrando um curso de ginástica íntima, em Brasília, ouvimos de uma aluna um relato que serviu para todas nós naquela sala e, ainda hoje, serve bem, para muitas leitoras, sempre que cito o episódio. Na época, há mais ou menos cinco anos, ela comandava mais de oitenta homens e ganhava mais do que o marido, mas se orgulhava de falar como mantinha o casamento à salvo de qualquer estresse que esse fato poderia facilmente causar. Como? Supervalorizando seu homem. Ela nos contou que sempre ao chegar em casa, procurava falar de algum episódio que enfrentou no dia, contando como resolveu, dizendo que pensou nele e no que ele faria… E assim, sempre recebia o elogio de um homem que se sentia assim valorizado, “você agiu certo, querida, eu faria o mesmo”. Ele cultiva um grande orgulho pela mulher, conversa com ela e se coloca como parte desse sucesso, porque ela assim o permitiu. Antídoto contra qualquer sentimento ruim que poderia abalar a relação. Assim age a mulher inteligente. Já houve um tempo em que andávamos atrás dos homens, submissas… Mas nem por isso devemos querer que ele, o homem, ande atrás de nós, não é hora de revanche, é hora de criarmos um novo futuro. Parceiros andam lado a lado. Parceiros compartilham, dividem e criam juntos, não importando quem, na vida profissional, manda ou ganha mais.

Então não há a mínima dúvida (ainda bem), somos sucesso no campo profissional, ótimo, temos mesmo que ser, mas faz-se urgente prestarmos mais atenção à nossa vida pessoal, amorosa, familiar… E somos dotadas de capacidade para isso, somos multifuncionais. Não quero pregar aqui que devemos nos desdobrar em muitas, gerando assim um enorme desgaste físico e emocional, pelo contrário… Gerenciar o tempo para vivermos melhor sem necessariamente onerar nenhum desses campos, esse é o desafio. É difícil? Sim, mas é possível.

Durante muito tempo, vivemos sob a crença de que a mulher teria que ser submissa ou não seria uma boa amante (as gueixas). Era mesmo objetivo de vida crescer para servir aos homens. Mas hoje em dia, ainda bem, isso virou uma espécie de fetiche, que até podemos usar nas brincadeiras sensuais, mas apenas isso, não está nos nossos planos viver desta forma, claro que não! Ganha um homem que tem uma mulher inteligente, capaz de compartilhar com ele uma vida de prazer, onde cabem várias brincadeiras, até a de gueixa, de vez em quando, assim como ele pode ser um escravo sexual por uma noite… Melhores amantes serão sempre os casais que, como disse, aumentam sua cumplicidade e sabem inovar no quarto e na vida. Não há comandantes nem comandados, ambos se envolvem no mesmo projeto: viver plenamente o amor e o prazer de forma intensa, como merecemos, nada de uma vidinha mais ou menos, com um prazerzinho, insignificante, ou mesmo nenhum, somos dotados com todas as armas para vivermos a plenitude, mas é bom que se saiba que essas armas só se tornam mais fortes quando se complementam, quando se somam os diferentes atributos.

Mulheres poderosas? Sim, claro, sempre! Mas igualmente poderosas na vida a dois!

Conselhos de uma mulher poderosa para outra:

1) Envolver o parceiro em sua vida profissional, nem que seja através de conversas ou projetos em que é possível contar com a ajuda dele. Homens (aliás, ninguém) não gostam de se sentirem colocados de lado…

2) Aproveitando que ter “mão de ferro” é inerente à sua vida profissional, aproveitar para usar esta capacidade para manter sua privacidade blindada contra qualquer ameaça externa. O tempo dedicado à família tem que ser sagrado e, dentro deste tempo, os momentos de intimidade com o parceiro têm que ter a sua atenção máxima e nem é tão difícil assim: manter uma periodicidade nos momentos íntimos já é um bom começo.

3) E nesses momentos íntimos, não permitir a invasão de problemas externos, um grande erro dos casais é levar para o quarto (notadamente a cama) os problemas domésticos. Ali irão debater sobre contas, organização, obrigações… Nada mais desanimador, por mais que vocês pensem que dá para dividir a atenção entre o prático e o amoroso, não dá, escolha o amoroso e deixe o resto fora do quarto.

4) Diminuir a carga de mágoa. Viver junto é magoar-se mutuamente. Por mais que se mantenham atentos, com certeza deixarão escapar uma palavra mais grosseira, um momento de irritação, um ataque (quase) gratuito. Isso acontece porque somos humanos e a nossa tendência é (infelizmente) descontar nas pessoas próximas coisas que acontecem fora… E como não é possível evitar que isso aconteça, basta ficarmos atento e pedir desculpas imediatamente a cada episódio que infelizmente aconteça. A falta dessas desculpas tende a somar a mágoa àquele monte que, se permitirmos, crescerá tanto que sufocará o amor.

5) Visitem periodicamente uma ilha deserta. Por mais que se queira é difícil fugir das obrigações e preocupações diárias e isso também é corrosivo ao relacionamento amoroso. Um excelente antídoto a isso é, como disse, visitar uma ilha deserta. Programem-se e literalmente sumam do mapa, por algumas horas (motéis são ótimos para isso), ou alguns dias. E nesses momentos, telefones desligados e a atenção apenas um para o outro. Aproveitem assim para recarregar as baterias. Vocês irão perceber que após uma fuga, voltarão muito mais animados e dispostos. Melhor do que muita terapia… Experimentem!

(*)com informação do Jornal Extra