Petroleira mais endividada no mundo, a Petrobrás reduziu em mais de US$ 100 bilhões seu compromisso financeiro no primeiro ano do governo de Michel Temer.

A empresa também encolheu ao vender US$ 13,6 bilhões dos ativos ao longo de 2016. Os ajustes promovidos pelo presidente da companhia, Pedro Parente, são elogiados por especialistas, que reclamam, no entanto, da falta de previsibilidade do que será a empresa após a crise.

Em carta aos acionistas, Parente disse que a Petrobrás já ultrapassou o pior momento da sua história, em que o barril do petróleo despencou à menor cotação histórica e a credibilidade foi abalada pela Operação Lava Jato da Polícia Federal.

A empresa, segundo ele, hoje está “em franca recuperação”. Mas a avaliação é que a virada, de fato, virá apenas quando o compromisso do caixa com o pagamento da dívida for reduzido a patamar compatível com o das petroleiras de grande porte, de atuação internacional.

A retração do endividamento que marcou o primeiro ano de Parente à frente da Petrobrás foi alcançada também com arrocho de investimentos e gastos internos. No programa de demissão voluntária, cerca de 10 mil profissionais deixaram a empresa, que chegou ao fim de 2016 com 68,8 mil empregados.

“A Petrobrás saiu da UTI ao estancar a deterioração financeira”, afirmou Edmar Almeida, professor do Grupo de Economia da Energia (GEE) do Instituto de Economia da UFRJ. O ex-presidente da Eletrobras e diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, reclama, no entanto, do risco de o País entrar em um processo de desindustrialização porque a estatal deixou de priorizar a contratação de fornecedores nacionais.

 

O último ano da Petrobrás também foi marcado pela reformulação da política de preços dos combustíveis, que, desde outubro, são revistos mensalmente, em linha com as oscilações do mercado internacional.

Desde então, os valores da gasolina mudaram seis vezes e o do óleo diesel, sete. O saldo foi de retração. De 15 de outubro, data da primeira revisão, até nesta sexta-feira, 11, a gasolina ficou 1,9% mais barata e o diesel, 4%, pelo cálculo do Centro Brasileiro de InfraEstrutura (CBIE).

“Apesar da queda, o prêmio (diferença entre os preços internos e externos) da gasolina na refinaria nacional em relação ao preço internacional é de 15,6%. Já o diesel, na refinaria nacional, está 31% acima do preço do diesel no Golfo do México (EUA)”, destacou a analista do CBIE, Luana Furtado.

A Petrobrás controlada por Temer também deixou de responder obrigatoriamente pela operação do pré-sal. O Congresso alterou a Lei de Partilha, que determinava que a estatal deveria ter participação mínima de 30% em toda área de pré-sal. Agora, a empresa tem o direito de escolher apenas os investimentos que considera prioritários.

Com informações O Estado de São Paulo