O presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), trocaram farpas e podem, com isso, dificultar as negociações para aprovação da reforma da Previdência. Enquanto Maia criticou à condução do governo da proposta no Parlamento, Bolsonaro disse, em Santiago, no Chile, que as divergências acontecem no país porque alguns “não querem largar a velha política“.

Maia afirmou, em entrevista ao Estado nesse sábado, que o governo não tem projeto para o país além da reforma da Previdência e do pacote anticrime do ministro Serio Moro. “O governo é um deserto de ideias“, declarou o presidente da Câmara.

Em coletiva, Bolsonaro disse não saber por que Maia anda tão “agressivo“. Disse que ele está “desinformado“, mas declarou que o perdoa pelas críticas por causa da “situação pessoal” vivida por ele – referência à prisão preventiva do ex-ministro Moreira Franco, padrasto da mulher de Maia.

“Eu lamento. Até perdoo o Rodrigo Maia pela situação pessoal que ele está vivendo. O Brasil está acima dos meus interesses e do dele. O Brasil está em primeiro lugar.”

Em resposta ao presidente, Maia ressaltou que essa ofensiva não leva a nada. “Construir um novo Brasil passa pela aprovação da reforma da Previdência e não continuar nesse embate improdutivo“, afirmou Maia. “Estou olhando para o futuro, olhando para a vida real das pessoas.”

“Velha Política”

Sobre uma frase dita por Bolsonaro, fazendo referência ao que chamou de “velha política“, Maia respondeu: “Eu compreendo que a política é quando o Legislativo e o Executivo governam juntos. A nova política é a gente transformar o Estado em um instrumento para melhorar a vida das pessoas”, declarou o presidente da Câmara.

Responsabilidade para o Parlamento

O presidente Jair Bolsonaro disse nesse sábado (23), durante viagem internacional para o Chile, que a responsabilidade sobre a proposta de reforma da Previdência está com o Parlamento. Ele ressaltou que confia na maioria dos parlamentares e que o tema é assunto de Estado e não de governo.

“A responsabilidade no momento está com Parlamento brasileiro e eu confio na maioria dos parlamentares que esta não é uma questão de governo Jair Bolsonaro, mas sim uma questão de Estado.“, afirmou o presidente.

O presidente ressaltou, ainda, que a aprovação da reforma da Previdência é o “único caminho” para colocar o Brasil em lugar de destaque.

Reforma

A proposta de reforma aguarda o início da tramitação na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania da Câmara (CCJ). O presidente da comissão, Felipe Francischini (PSL-PR), afirmou nessa sexta-feira (22) que aguarda para indicar o relator da reforma na comissão.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reafirmou que vai se empenhar na aprovação da reforma da Previdência a partir de segunda-feira (25). O presidente da Casa afirmou que irá fazer as articulações políticas necessárias para dar maior mobilidade à proposta e conversar com os integrantes do governo federal.