O grupo de pessoas com ensino superior cresceu 30% quando comparado o primeiro trimestre deste ano com o mesmo período de 2014. Hoje, no País, 22,935 milhões de pessoas possuem o diploma universitário. Com isso, o grupo com diploma universitário passou do quarto para o terceiro maior grupo entre os níveis educacionais.

A entrada de jovens nas universidades poderia ter sido maior, avaliam representantes das universidades, se as famílias não tivessem perdido renda e o governo não tivesse reduzido os recursos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), a partir de 2015.

Segundo especialistas, há dois efeitos a médio prazo. Primeiro, quando a economia reaquecer, haverá um novo apagão de mão de obra. Segundo, como o financiamento viabilizado pelo governo federal foi o que impulsionou a entrada de mais jovens nas faculdades no começo da década, a maior parte de baixa renda, há uma tendência de aumento da desigualdade — pois, quanto maior a formação educacional, maior o retorno financeiro do profissional.

“São os filhos de classes mais abastadas que podem fazer a educação básica em escolas particulares, de melhor qualidade, e, por isso, ficam com as vagas nas universidades públicas, de maior qualidade”, resume Paulo Sardinha, presidente da ABRH-RJ.

Segundo a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), o pico de contratos do Fies foi atingido em 2014, com 732 mil alunos. No entanto, somando-se o número de contratos fechados de 2015, quando o programa deixou de financiar 100% do valor do curso, até 2017, tem-se um montante inferior: 665 mil em três anos.

“Com a crise, estamos mais longe de cumprir a meta do Plano Nacional de Educação, que é ter, em 2024, 33% dos jovens entre 18 e 24 anos na faculdade. Para isso, é preciso que essa taxa de entrada cresça 8% ao ano. Mas, entre 2010 e 2016, a média anual ficou em 4%”, diz Sólon Caldas, diretor-executivo da Abmes.

Rodrigo Capelato, diretor executivo do Sindicato das Entidades Mantenedoras do Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), afirma que, entre os jovens, prevalece o desânimo. “Fizemos uma pesquisa com alunos da classe C, que saíram do ensino médio. Eles dizem que vão postergar a entrada na faculdade. Até os que tinham trabalho não queriam se comprometer com dívida, com medo do desemprego”, disse.

Com informações do Jornal O Globo