Oficiais de Justiça voltam a ser alvo da violência urbana. Por volta das 14h30 dessa terça-feira, 20, o Oficial de Justiça da comarca de Horizonte, Região Metropolitana de Fortaleza, sofreu um sequestro relâmpago e teve o seu carro roubado durante o cumprimento de mandado judicial no bairro Centro. Ele tentava intimar uma pessoa para uma audiência que seria realizada hoje, mas ela não estava em casa. Enquanto aguardava passarem o número do telefone para que tentasse entrar em contato, uma Hilux encostou atrás de seu carro, desceram dois homens, um deles armado, e falaram para ele entrar no carro.
“Eu disse para levarem o carro, mas eles me mandaram ir junto”, disse. Quando questionado do que estava fazendo ali, informou que era Oficial de Justiça e, inclusive, tinha um alvará de soltura para cumprir no Complexo de Delegacias Especializadas (Code), em Fortaleza. “Um deles ainda falou que, na próxima vez que me encontrasse, queria me ver com o alvará de soltura dele na mão”, contou. Enquanto seguiam em alta velocidade pela BR 116, no sentido Horizonte/Fortaleza, a todo instante perguntavam se o carro tinha rastreador e ele reforçava que não.
Em seguida, entraram em uma estrada carroçal no município de Aquiraz. Foi quando informaram à pessoa que estava na Hilux, que os seguia desde o momento do assalto, que se tratava de um Oficial de Justiça. Já com os veículos parados, pegaram a aliança, o relógio e um cordão, e disseram que ele poderia ficar tranquilo. Devolveram os documentos e ainda deram R$ 20 e poucos reais para que pudesse ir embora. Novamente os assaltantes insistiam querendo saber se o carro tinha rastreador e, mais uma vez, ele respondeu que não, mas informou que o celular tinha. Foi quando disseram que iriam deixar o celular em uma placa situada a cerca de 500 metros dali e, realmente, o deixaram lá. Continuou andando e pegou um transporte alternativo para retornar a Horizonte.
Assustador
Para a vítima, o fato de ser Oficial de Justiça e de tratar diariamente com esse tipo de pessoas amenizou um pouco, sobretudo na forma de se portar. Ele citou, ainda, a recente palestra sobre segurança ministrada pelo capitão Sampaio, do BPChoque, através do Sindicato dos Oficiais de Justiça do Ceará (Sindojus-CE), também ajudou. “Foi assustador, mas não foi aterrorizante. Eles não ficavam ‘tocando o terror’”, destacou.
Oficial de Justiça há sete anos, sempre lotado em Horizonte, conta que nunca havia passado por situação semelhante. Entretanto, acredita que o fato de ser Oficial de Justiça foi determinante para que estivesse exposto a essa situação, por estar na rua, durante um tempo considerado extenso (cerca de dez minutos) tentando localizar a pessoa, porque a audiência estava próxima.
Apoio
O Oficial de Justiça enaltece, ainda, a atuação da polícia. Logo que foi levado junto com os assaltantes, as pessoas da casa onde cumpria o mandado acionaram a polícia. “Eles foram muito solícitos, me ligaram várias vezes querendo informações, pedindo características dos assaltantes, do veículo que estavam e perguntando se estava tudo bem comigo”, destacou. Apesar de ter sido informado que o seu carro fora localizado em Aquiraz, até o momento o oficial não conseguiu identificarpara onde o veículo fora levado.
Insegurança
Por trabalharem nas ruas, oficiais e oficialas acabam ficando mais expostos à insegurança que atinge todo o Ceará. Pouca gente sabe, mas o Oficial de Justiça é o único servidor que coloca um bem pessoal a serviço do Estado. É no seu veículo particular que ele dá cumprimento às decisões judiciais, andando em bairros nobres e favelas, na zona urbana e zona rural e, muitas vezes, tendo de percorrer longas distâncias para dar cumprimento a um único mandado judicial, sem que tenha a devida contrapartida por parte do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE). O Sindojus irá oficiar o acontecimento ao Tribunal de Justiça, para que as devidas providências sejam tomadas.
Com informação do Sindicato dos Oficiais de Justiça do Ceará