O mês de outubro alerta para os cuidados na saúde das mulheres. Neste ano, a campanha do “Outubro Rosa” acontece em meio a pandemia de coronavírus, que impacta negativamente na realização de consultas e exames para evitar o câncer de mama e de útero.

Devido as medidas tomadas para conter a covid-19, a busca por medidas preventivas caiu e o atendimento as doenças crônicas caiu, é o que revela o médico coordenador do Comitê de Controle do Câncer no Ceará, Luis Porto, em entrevista ao Jornal Alerta Geral desta segunda-feira (12).

“A desinformação, principalmente em relação ao câncer de mama e útero, faz com que as mulheres não percebam a necessidade de fazerem a consulta. Houve uma diminuição significativa no atendimento do diagnóstico da doença no Estado”.

Se comparado a 2019, houve uma redução de 30% em relação a realização de mamografias e de 50% nos diagnósticos de câncer de mama, entre os meses de março a setembro deste ano.

“Nós achamos que tem mulheres em suas casas que, mesmo com sintomas, não procuraram atendimento médicos devido a pandemia”, explica o médico.

De acordo com o coordenador do Comitê de de Controle do Câncer no Ceará, são 20 policlínicas distribuídas nas microrregiões do Ceará e, em cada uma, há um mamógrafo para realizar o atendimento e a prevenção. A capacidade é para realizar, em média, 800 a 1000 mamografias.

O cenário pode resultar no aumento na quantidade de casos de câncer nas mulheres, mas o alerta é que, com o retorno das atividades, a busca pela prevenção e pelos exames se estabilizem.

Prevenção

O público alvo da campanha são as mulheres acima dos 50 anos, que no Ceará, são mais de 600 mil. Desse total, 15% tem cobertura da iniciativa privada e o restante, cerca de 500 mil mulheres, dependem do sistema de saúde público. Como o exame é realizado de dois em dois anos, o certo seriam 250 mil atendimentos, mas o Ceará não tem capacidade para suprir essa demanda.

De acordo com a Organização da Saúde, a cobertura dos exames deve ser de 70%, ou seja, deveriam ser realizados 160 mil mamografias no Estado, mas atualmente são feitas 60 mil.

Atuação dos agentes de saúde

“Prioridades”, essa é a palavra que, segundo Luis Porto, direciona o trabalho realizado pelos agentes de saúde nas unidades hospitalares do Ceará. As doenças que estão mais presentes no cotidiano da população do estado e possuem uma maior demanda, são colocadas como prioridades em meio aos inúmeros atendimentos diários.

Doenças como o câncer, que atingem uma parcela menor da população em relação à outras doenças, acabam por ficar em segundo plano e o diagnóstico é adiado. Para o coordenador do Comitê de de Controle do Câncer no Ceará, esse é um problema real que deve ser resolvido com uma mobilização da rede de saúde para realizar a prevenção.

“Nossa proposta é treinar todos o agentes de saúde […] Dar um curso de 8 horas de como eles podem pegar as mulheres [que estão nas] suas casas até o serviço especializado para o diagnóstico. Ele [agente de saúde] pode ter o conhecimento adequado”, afirma o mastologista.

Além do preparo dos profissionais, Luis Porto informou que o Comitê vem desenvolvendo um aplicativo que servirá para que os agentes de saúde se encaminhem até as residências de mulheres e realizem entrevistas para avaliar o risco do surgimento de um câncer. Com base nas informações fornecidas, o aplicativo indicará em qual categoria de risco cada entrevistada se enquadra. Diante dos resultados, a mulher será encaminhada à uma unidade de saúde para realizar consultas e exames conforme cada diagnóstico.