Aos 21 anos, Acan Simões foi o vencedor do Mister Brasil Trans 2023. Ele foi eleito, entre outros 28 candidatos, no concurso que aconteceu no Teatro Novotel Jaraguá, em São Paulo. Ao receber a faixa, o paulista de Itaquera falou sobre a importância da representatividade e agradeceu a sua ancestralidade:

“Eu sou o único preto retinto aqui no Mister Brasil Trans. É muito importante que nossos corpos estejam presentes em todos os espaços. O racismo estrutural faz a gente achar que não pode estar nos lugares. Por isso, eu agradeço a minha ancestralidade que abriu as portas para eu estar aqui recebendo faixa de Mister Brasil Trans”.

O jovem ainda dedicou a vitória a outros dois homens trans: Demétrio Campos, jovem baiano que virou símbolo dessa, e Nathan Santos. Vítima de transfobia, Demétrio cometeu suicídio em 2017, aos 23 anos. Nathan Santos foi o primeiro preto retinto a concorrer ao Mister Brasil Trans, no ano passado.

Acan Simões é estudante de Produção e Gestão Cultural, define-se como multiartista e faz também trabalhos como modelo, tendo desfilado na última edição da São Paulo Fashion Week. “Teve transmasculino preto nas passarelas”, comemorou ele na ocasião.

O novo Mister Brasil namora a cantora Isma ou a Princesa da Quebra, como se autointula. O casal costuma trocar declarações pelas redes sociais. Eu não tenho mais medo de viver e amar, pois isso que me dá força para querer continuar. Estou aqui e lá, porque quero. Sem me forçar. Respeita o meu tempo. Que com tempo eu cuido de você”, postou Acan.

Pela primeira vez, o Mister Trans realizou também um concurso reunindo candidatos de outros países. O tunisiano Matheus Jade Esseyah, 24 anos, foi eleito o primeiro Mister Trans Internacional.

“Eu quero ajudar os homens trans da Tunísia e do Brasil. No meu país, a gente não tem acesso à terapia hormonal. Se a gente denuncia, acaba preso. Eu tinha denunciado essa realidade em minhas redes sociais e acabei obrigado a deixar a Tunísia. Meu plano era incialmente ir para a França, mas como a Tunísia não tem relações diplomáticas com a França, a solução seria ir para um país onde esse caminho pudesse ser feito e assim vim para o Brasil. A ideia era ficar apenas uns meses, mas eu me apaixonei pelo Brasil e é aqui que eu quero ficar. Eu quero ser uma voz para ajudar homens trans da Tunísia e do Brasil”, disse Matheus ao ser coroado.

(*)com informação do Jornal Extra