O delegado Filipe Hille Pace, da Polícia Federal, afirmou nesta sexta-feira, 18, que ‘chamou a atenção a quantidade de dinheiro’ que o ex-deputado Cândido Vaccarezza mantinha guardada em casa. O ex-parlamentar foi preso em São Paulo na Operação Abate, desdobramento da Lava Jato. Com ele foram apreendidos ao menos R$ 122 mil.

“Chamou atenção a quantidade de dinheiro que ele tem em espécie em casa que já sabemos que ele não conseguiu justificar, tentará. O monitoramento da pessoa identificou que ele está pagando despesas do partido, provavelmente com esse dinheiro, então, não identificamos o porquê do dinheiro (em casa), se ele tem razão em corrupção, mas não podemos descartar que seja possível”, afirmou.

“Quanto ao Vaccarezza, o dinheiro que foi veiculado as imagens foi encontrado sim na casa dele o que parece totalizando R$ 122 mil, na última contagem.”

A Abate investiga contratação do fornecimento de asfalto pela empresa estrangeira Sargeant Marine à estatal petrolífera, mediante o pagamento de propinas a funcionários públicos e agentes políticos. Um grupo apadrinhado por Vaccarezza teria usado a influência do ex-deputado para obter contratos da estatal com a empresa estrangeira. Recursos teriam sido direcionados para pagamentos indevidos a executivos da estatal e agentes públicos e políticos, além do próprio ex-parlamentar.

Esta investigação teve início a partir de relato da delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, em acordo de colaboração celebrado com o Ministério Público Federal.

Foram colhidas provas adicionais a partir de buscas e apreensões da 1ª e da 16ª fases da operação Lava Jato, além de resultados de quebra de sigilo bancário, fiscal e telemático e de pedidos de cooperação internacional.

Entre as provas que corroboraram o relato do colaborador estão, por exemplo, documentos que indicam o pagamento de propinas mediante transferências bancárias no exterior, anotações de agendas e arquivos apreendidos em fases anteriores da Lava Jato que descrevem a divisão de comissões resultantes do negócio dentre operadores, funcionários da Petrobrás e políticos.

“As provas colhidas apontam que Cândido Vaccarezza, líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados entre janeiro de 2010 e março de 2012, utilizou a influência decorrente do cargo em favor da contratação da Sargeant Marine pela Petrobras, o que culminou na celebração de doze contratos, entre 2010 e 2013, no valor de aproximadamente US$ 180 milhões”, afirma o Ministério Público Federal.

“As evidências indicam ainda que sua atuação ocorreu no contexto do esquema político-partidário que drenou a Petrobrás, agindo em nome do Partido dos Trabalhadores. Na divisão de valores das propinas, há documentos indicando seu direcionamento tanto para a “casa” (funcionários da Petrobras) como para o “PT”.

“Os valores então devidos ao partido, totalizando propinas de pelo menos cerca de US$ 500 mil, foram destinados em grande parte a Vaccarezza, sendo possível que a investigação venha a revelar outros destinatários das vantagens ilícitas. A Justiça Federal determinou a prisão temporária do ex-deputado.”

Segundo a Procuradoria da República, ‘as provas indicam ainda que também foram beneficiados pelo pagamento de propina o diretor de Abastecimento da petrolífera, Paulo Roberto Costa, e outros dois gerentes da Petrobrás com prisão temporária decretada nesta fase da operação’.

Foi também decretada a prisão temporária do representante da Sargeant Marine no Brasil. São investigados os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Também foi apurado o envolvimento de Vaccarezza em ‘esquema criminoso que beneficiaria a empresa Quimbra na comercialização de tolueno, mediante possível recebimento de vantagens indevidas e fornecimento de informações confidenciais da petrolífera para o grupo empresarial’.

Com informações O Estado de São Paulo