A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira (5) o presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Carlos Arthur Nuzman, 75, e Leonardo Gryner, seu braço direito no comitê organizador da Rio-16. Os dois são suspeitos de atuarem na compra de votos para a escolha da cidade para sediar os Jogos Olímpicos.

A operação é um desdobramento da Operação “Unfair Play”, que investiga a compra do voto do senegalês Lamine Diack por US$ 2 milhões. O empresário Arthur César Soares de Menezes, foragido há um mês, foi o responsável por pagar a quantia semanas antes da escolha, em outubro de 2009, em Copenhague, de acordo com as investigações.

Nuzman é investigado sob suspeita de ter feito a “ponte” entre o esquema de corrupção do governo Sérgio Cabral (PMDB) e os membros do COI. A propina ao senegalês foi debitada, segundo a Procuradoria, da devida ao empresário Menezes Soares, o “Rei Arthur”, ao peemedebista. O empresário obteve mais de R$ 3 bilhões em contratos com o Estado.

Após a deflagração da Unfair Play, a Procuradoria identificou cinco e-mails nos quais Papa Massata Diack, filho de Lamine Diack, cobrava transferências de recursos, cuja origem não era identificada.

O Ministério Público Federal afirma que as mensagens indicam que “os pagamentos não se limitaram a US$ 2 milhões [pagos em setembro], tendo havido pagamentos subsequentes”.

A Procuradoria afirma ter provas de pagamento de propina apenas a Lamine Diack. Contudo, a procuradora Fabiana Schneider afirmou que o senegalês tinha ascendência sobre outros dirigentes africanos, o que poderia determinar o voto de mais membros do COI.

Há um mês, a defesa de Nuzman afirmou que “toda a jornada da Olimpíada do Rio, da candidatura à cerimônia de encerramento, foi conduzida dentro da lei”.