A suspensão pelos governos estaduais e municipais das festas de Carnaval em áreas públicas, como estratégia para evitar aglomeração e explosão de casos da Covid-19, pode contribuir para maior controle da pandemia.
As medidas são consideradas importantes, mas, para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em seu boletim do Observatório Covid-19, é um equívoco pensar em redução de leitos, testagem e uso de máscara no país como um todo.
A Fiocruz classifica o cenário atual como bastante promissor, mas destacou que as desigualdades do país criaram diferentes realidades até mesmo dentro de um mesmo município.
“Embora o cenário geral seja bastante promissor, tanto pela tendência de queda dos principais indicadores como pelo avanço na cobertura vacinal, além da chegada de medicamentos para o tratamento da covid-19, é importante sublinhar que a pandemia ainda não acabou”, destacam os pesquisadores da Fiocruz.
De acordo com o estudo, “Não é possível pensar na mitigação da pandemia no Brasil como um todo utilizando indicadores globais do país sem um olhar atento para outras escalas’’.
Com essa leitura, a Fiocruz deixa um alerta: ‘’Enquanto houver descontrole dos indicadores em um único município, a pandemia não terminará”.
A Fiocruz observa, ainda, que a pandemia acentuou desigualdades estruturais no país, e que a partir desse quadro é possível observar, no mínimo, a existência de dois Brasis, um do Norte e outro do Sul. O boletim compara São Paulo e Rio Grande do Sul a Maranhão e Pará, e afirma que os estados do Sul e Sudeste estiveram sempre acima da média nacional de vacinação e já mostram ter passado do pico de infecções da variante Ômicron.
O estudo destaca, também, que os estados do Norte e Nordeste, por outro lado, ainda podem estar atravessando o pico de casos e têm curvas de óbitos ainda em movimento de alta. “É equivocado, portanto, pensar em estratégias homogêneas de recuo na provisão de leitos e insumos para unidades de média e alta complexidade, assim como reduzir a indução da testagem em massa e o desincentivo ao uso de máscaras no país como um todo”, adverte a Fiocruz.
MENOS FOLIA E MAIS PROTEÇÃO
Mesmo com as restrições impostas pelos governos dos estados e municípios, a recomendação dos pesquisadores da Fiocruz é para a manutenção de medidas de distanciamento físico, uso de máscaras e higienização das mãos mesmo em ambientes abertos onde possa ocorrer maior concentração e aglomeração de pessoas.
“Que festas ou bailes em casas, clubes ou outros ambientes só sejam realizadas com comprovante de vacinação”, sugere o boletim.
Segundo a Fiocruz, o enfrentamento do cenário atual da pandemia exige combinar políticas de combate às fake news com busca ativa dos não vacinados pela Atenção Primária à Saúde. A Instituição sugere estratégias de ampliação de horário das unidades de saúde e campanhas de vacinação nas escolas, atingindo crianças, pais e professores.
A Fiocruz reforça, ainda, como ponto que deve ser avaliado, as políticas públicas que considerem a exigência de passaporte vacinal nos locais de trabalho, para trabalhadores de empresas privadas e públicas, além de motoristas de transporte de pessoas, como ônibus, táxis e aplicativos.
(*) Com informações da Fiocruz e Agência Brasil
