Um dia após obter apoio oficial do PSDB e ser ungida como o nome da ‘Terceira Via‘ nas eleições presidenciais, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) tem que enfrentar outro empecilho, além dos sintomas da covid-19: a insatisfação de correligionários. É o caso do senador licenciado Renan Calheiros (MDB-AL)
. O parlamentar é um dos integrantes da ala que defende o apoio da sigla ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, líder em todas as pesquisas de intenção de voto, ou ao menos, a liberação para que os diretórios estaduais apoiem o nome mais conveniente em cada Estado da Federação.
Em entrevista ao Jornal ‘O Estado de São Paulo’, concedida nesta sexta-feira, 10, Renan diz que o MDB terá perdas significativas caso avance com a ideia de lançar Tebet como candidata à Presidência da República.
“Lamentavelmente, sim (a candidatura só representa perdas para o partido). A candidatura não agrega, não tem competitividade, não amplia os objetivos do partido, e o partido, em função dessa aliança com o PSDB, tem que abrir mão de algumas outras candidaturas”, disse Renan, relembrando a retirada do nome de Gabriel Souza, pré-candidato do partido ao governo do Rio Grande do Sul.
O apoio do MDB gaúcho ao PSDB na corrida pelo Palácio Piratini foi um dos pedidos dos tucanos para apoiar Simone Tebet. Renan disse ainda que está preparado para partir para uma guerra interna no partido contra a pretensão eleitoral da senadora.
“Nós não estamos querendo fazer uma guerra interna de disputa pela não homologação da candidatura. Se isso for preciso, nós vamos fazer. Essa divisão a mais não ajuda efetivamente em nada. Nem à candidatura dela, nem tampouco ao partido e à necessidade de manter sua maior bancada no Senado, fazer uma grande bancada na Câmara e eleger o maior número de governadores”, informou.
PSDB com MDB em Alagoas
Apesar das críticas à pré-candidatura de Simone Tebet, Calheiros vem se beneficiando desse entendimento em Alagoas: o PSDB negocia a inclusão de Pedro Vivela como suplente na chapa do ex-governador Renan Filho, que pretende ser candidato ao Senado e de quebra, apoiar à reeleição do governador Paulo Dantas, que é o nome apoiado por Renan em seu Estado.
Renan Filho é filho de Renan Calheiros e favorito na corrida pelo Senado, o que levou o atual senador Fernanco Collor de Mello (PTB-AL) a desistir de concorrer à reeleição e lançar pré-candidatura ao governo de Alagoas, Estado que governou de 1986 a 1989, ano em que renunciou para se lançar candidato a Presidente e vencer as primeiras eleições diretas no Brasil, desde 1960, quando Jânio Quadros foi eleito pelo voto popular.