O jornal Folha de São Paulo, em sua edição de hoje, dedicou uma página inteira sobre a praia do Icaraí, em Caucaia. Mas o foco não foi para falar da beleza de um dos principais cartões postais do Ceará, conhecido internacionalmente, como o paraíso dos surfistas. A matéria aborda um fato triste que há anos vem provocando o desaparecimento da faixa de areia sem que as autoridades tomem medidas definitivas para barrar a destruição.
A equipe de reportagem conversou com barraqueiros e moradores que narraram sua tristeza e melancolia com o fato. Recentemente, o jornal Grande Porto mostrou a destruição que a força das águas tem causado e o medo da população que teme ter que abandonar suas casas. A desvalorização imobiliária dos imóveis, antes tão disputados na região, foi destaque na matéria da Folha.
A praia do Icaraí era o paraíso dos surfistas. Recebia visitantes o ano inteiro e era o cenário perfeito para competições náuticas colocando o Ceará na rota desse esporte. Além de surfistas, a praia atraía turistas de todo mundo. Tanto que muitos turistas europeus e americanos construíram verdadeiras mansões em suas áreas devido seu cenário paradisíaco.
O momento é outro e agora quem pode está vendendo seu imóvel bem abaixo do preço de mercado. Outros, que insistem ficar por não ter onde morar, esperam por uma solução antes que seja tarde e o mar derrube suas casas. Condomínios inteiros estão ameaçados. As 14 grandes barracas instaladas ao longo da costa já não existem. Alguns barraqueiros insistem, com seus comércios bem menores, mas não sabem até quando. É o caso de Roseli Braz Arraes, conhecida por Rosa citada pela folha.
O que acontece hoje com o Icaraí, e já aconteceu com Iparana e Pacheco, é resultado da erosão do mar. A construção do Porto do Mucuripe, em 1940, e outras intervenções em Fortaleza – como a construção de espigões – interrompeu o processo de alimentação natural das praias feito pelo transporte de sedimentos do leste para o oeste.
A gestão passada de Caucaia investiu na construção de bagwall, que são escadas de sacos de cimento com o objetivo de dissipar a energia das ondas e barrar o processo de erosão. O medo é que, como aconteceu nos anos de 2010 e 2015, essa também seja destruída pela força das águas. A solução definitiva seria a construção de espigões.
Aliás, essa é a proposta apresentada pela atual gestão municipal que está com projeto finalizado e buscando financiamento, uma vez que é uma obra muito cara, segundo o professor do Labomar, Luís Parente Maia, orçado em mais de R$ 120 milhões.
Como foi adiantado por uma reportagem do Jornal Grande Porto, a proposta de construção está sendo negociada por empresa brasileira de capital italiano que pretende investir nos espigões com estrutura perpendiculares à costa e, em troca, instalar torres eólicas para geração de energia.