O Ministério da Saúde emitiu comunicado suspendendo a vacinação contra o coronavírus para adolescentes sem comorbidades. Alguns estados, como o Ceará, já estavam aplicando o imunizante em jovens e outros previam começar hoje. Com isso, a pasta orienta a vacinação contra o vírus apenas para pessoas entre 17 e 12 anos que tenham “deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privados de liberdade”.

Além disso, o Ministério da Saúde orientou, também, que municípios não apliquem a segunda dose (D2) da vacina contra a Covid-19 em adolescentes sem comorbidades. No Ceará, 122.475 pessoas de 12 a 17 anos receberam a 1ª dose da vacina, conforme dados do Ministério. As informações foram dadas durante coletiva de imprensa do ministro Marcelo Queiroga. A imunização em adolescentes deve seguir apenas para aqueles que têm comorbidades ou estão privados de liberdade.

Em Fortaleza, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou, nesta quinta-feira (16), que vai estudar se irá manter a imunização de adolescentes entre 12 a 17 anos sem comorbidades. A análise será feita com membros da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), e a decisão será anunciada pelo órgão.

A decisão do Ministério da Saúde foi embasada nas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) que diz não recomendar a imunização de adolescentes, por essa faixa etária ter poucos casos graves e faltar estudos sobre a vacinação nesse grupo, portanto “os benefícios não estão claramente definidos”. A nota também cita que houve redução na média móvel de casos e mortes por covid, o que torna o cenário epidemiológico menos perigoso para os adolescentes sem comorbidades.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, até então se mostrava favorável a cobertura vacinal dos adolescentes. Em julho, o representante da pasta tinha previsto o início da imunização para esse grupo sem comorbidade assim que todos os adultos estivessem com a primeira dose.

A decisão de vacinar os jovens da faixa etária em questão, inclusive, foi tomada em conjunto com os estados e municípios, desde que eles respeitassem o Plano Nacional de Imunização (PNI). Com os adolescentes inclusos no plano de vacinação, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a aplicação da Pfizer para cidadãos com, pelo menos, 12 anos.

Recomendação da OMS

Citada pelo Ministério da Saúde, a OMS pede cautela para a vacinação de adolescentes. A diretora-geral assistente para Medicamentos e Vacinação da agência, Mariângela Simão, destacou em agosto que nenhum estudo clínico começa com crianças ou adolescentes.

“Tem que levar com cuidado, principalmente por questão de segurança. A relação de benefício em aplicar a vacina nas crianças ainda não está comprovada. Então você precisa ter mais dados, precisa ter mais estudos sobre a segurança dessas vacinas na faixa etária menor”, disse à ONU (Organização das Nações Unidas) News.

Contudo, a OMS recomenda que, caso haja vacinação, ela seja feita com a Pfizer, como ocorria até então no Brasil. O imunizante se mostrou seguro para os menores de 16 anos, mas o órgão reforçou que os adolescentes sem comorbidades não fazem parte de grupos de risco.

“A vacina é segura e eficaz nesta população, embora aqueles que mais sofrem com a doença ainda sejam os adultos e certos grupos médicos em risco”, falou a chefe da Unidade de Imunizações da OMS, Anne Lindstrom.

(*) Com informações Folha de São Paulo