“Não vai ter calmaria”. Vai ter muito barulho daqui para frente para gente sair renovado e em dia com a sociedade.” As declarações são do presidente interino da Executiva Nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati, que, neste sábado, em entrevista ao Jornal Folha de São Paulo, admite a permanência das divergências internas na definição dos rumos do partido.
O PSDB é uma das siglas aliadas ao Governo Federal, mas Tasso defende que a sigla entregue os cargos e mantenha apoio às reformas tributária e previdenciária. O senador cearense transmitiu, nessa sexta-feira, esse sentimento para o presidente Michel Temer durante reunião em São Paulo. Os dirigentes nacionais do PSDB se preparam para o programa nacional em rede de rádio e televisão, a ser exibido na próxima quinta-feira, com uma avaliação sobre os programas e posições do partido.
A cúpula nacional divulgou, nesta semana, um vídeo com uma autocrítica sobre a atuação do PSDB. O conteúdo da mensagem, orientada pelo senador Tasso Jereissati, gerou ainda mais divergências internas. Segundo a reportagem do Jornal Folha de São Paulo, ‘’o tom adotado na mensagem, sob orientação de Tasso, gerou desconforto entre os tucanos e converteu-se no centro da reunião da executiva do partido na quarta (9)’’
Deputados que votaram pelo prosseguimento da denúncia por corrupção passiva contra Michel Temer, conforme a reportagem, se sentiram diretamente atingidos pela mensagem. Os aliados do senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado da sigla, de acordo cinada com a Folha, entenderam a admissão de culpa como uma provocação ao tucano, que é alvo de denúncia por corrupção e obstrução de Justiça enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal). Aécio ficou afastado das atividades parlamentares por mais de 40 dias depois de ter sido flagrado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, da JBS.
Sobre a polêmica, Tasso Jereissati afirmou que o vídeo não tem como objetivo apontar erros específicos de nenhum parlamentar, mas fazer uma reflexão sobre os rumos tomados pelo PSDB nos últimos 30 anos. “É preciso que o partido se renove mediante muita discussão e muita divergência. É isso que faz o partido manter os princípios”, disse Tasso, para, em seguida acrescentar: ‘’as discussões internas fazem parte da nossa história porque nós não temos dono. Somos um partido democrata, aberto, que não tem dono, não tem o patrono que dá uma palavra definitiva e todo mundo segue’’.
Uma das preocupações expostas pelo senador cearense é que o PSDB surgiu no período pós-ditadura militar com o intuito de fazer oposição ao fisiologismo, mas acabou se aproximando desse modelo de fazer política. “Isso [o debate] já está trazendo muita gente que estava fora do partido, como gente da academia e estudantes para dentro do partido novamente. Gente querendo participar dessa discussão”, observou Tasso, que tenta conduzir a transição no PSDB e a definição de planos que abram caminhos para o partido conquistar, em 2018, a Presidência da República e ampliar as bancadas nas Assembleias Legislativa, Câmara Federal e Senado.