O senador Tasso Jereissati é um dos nomes citados entre as opções que surgem para um mandato tampão em caso de renúncia ou cassação do presidente Michel Temer. Dentro de 72 horas, o cenário político pode caminhar nessa direção ao Supremo Tribunal Federal decidir, nessa próxima quarta-feira (24), rejeitar o recurso interposto pelo presidente Temer com pedido para suspensão da investigação por suspeita de corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa.
O inquérito foi aberto com base na delação premiada do empresário Joesley Batista, do Grupo JBS. Se o presidente Temer sofrer uma derrota no STF, é provável que haja uma debandada em sua base de apoio político e parlamentar. Hoje, Temer se sustenta com o PSDB, PR, PP e DEM na aliança com o PMDB. Os cinco partidos o garantem sobrevida até o momento, mas o resultado adverso no Plenário do Supremo Tribunal Federal o fragilizar ainda mais e construirá o caminho para a sua renúncia.
Após decretada a vacância do cargo, a escolha do novo presidente e do vice-presidente se dará em eleição indireta realizada pelo Congresso Nacional dentro de um prazo de 30 dias. Serão 594 eleitores (513 deputados federais e 81 senadores) que irão protagonizar a decisão pelo destino político do País. O mandato é definido como tampão porque cobre o período entre o resultado da eleição indireta e o dia 31 de dezembro de 2018. O presidente eleito em 2018 tomará posse no dia primeiro de janeiro de 2019.
Se Temer renunciar, caberá ao presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), caso não haja impedimento, assumir o Palácio do Planalto até a escolha do novo presidente da República. Um dos nomes mais cotados para cumprir a travessia até o dia 31 de dezembro de 2018, em caso de eleição indireta, é o atual Ministro da Fazenda, Henrique Meireles, considerado, nos últimos 14 anos, um ponto de equilíbrio na vida política e econômica do País.
O atual Ministro da Fazenda ocupou o mesmo cargo nos Governos Lula e Dilma e, por essa razão, encontraria mesmo rejeição para ser o escolhido pelos 513 deputados federais e 81 senadores. O ex-governador do Ceará, Tasso Jereissati, surge, também, como uma das opções no desenho do novo cenário político pela imagem de credibilidade, de autoridade respeitada e de diálogo com os diferentes setores políticos.
Mesmo com todos os cenários traçados e, ao mesmo tempo com a incerteza, o Palácio do Planalto adota o discurso de que apenas a permanência do presidente Michel Temer pode garantir a governabilidade e aprovação das reformas trabalhista e da Previdência. Há, porém, um forte debate entre aliados e adversários de Michel Temer sobre qual o perfil ideal e os nomes mais viáveis para a eventualidade de uma eleição indireta.
Segundo reportagem do Jornal O Estado de São Paulo, ‘’existem alguns consensos nos dois lados. O primeiro é que qualquer decisão passará pelas reformas trabalhista e da Previdência. O segundo é que dificilmente um nome de fora da política terá força para construir uma maioria entre os deputados e senadores que formarão um possível colégio eleitoral’’.
Dentro do PSDB, segundo a reportagem, ‘’uma ala do partido prega o nome do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e outra, a do senador Tasso Jereissati. Para atrair os tucanos, Henrique Meirelles precisaria se comprometer a não disputar a reeleição em 2018. Em outra frente, parlamentares governistas, da oposição e especialistas ventilam a ideia de um nome de peso do Judiciário. Essa seria uma saída institucional que impediria uma guerra fratricida da base e teria a simpatia da opinião pública. A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, e o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim são os mais mencionados para assumir a Presidência.