Local onde será julgado nesta quarta-feira, 24, a partir das 8h30, o recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a condenação a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) será isolado por via “aérea, terrestre e naval” ao meio-dia desta terça-feira, 23, até as 7 horas de quinta-feira, 25. Atiradores de elite também vão atuar na operação. O petista viajará nesta terça, 23, a Porto Alegre para participar à noite de um ato em sua defesa, mas vai acompanhar o julgamento de São Paulo.

Lula foi condenado pelo juiz Sérgio Moro, da Lava Jato, no caso do triplex do Guarujá (SP), acusado de ter recebido R$ 2,2 milhões da empreiteira OAS como propina por meio da reforma do imóvel. Para o juiz, ele beneficiou a construtora em contratos com a Petrobras. O petista alega inocência, pede para responder em liberdade e requer a prescrição da pena, caso a sentença seja confirmada.

A expectativa é de que 50 mil militantes pró-Lula participem nesta quarta-feira de manifestações na capital gaúcha. O esquema de segurança é semelhante ao adotado quando o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, visitou o Brasil, em 2016. O secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Cezar Schirmer, disse que a polícia vai estar preparada para identificar quem queira fazer qualquer manifestação que contraria a legislação, até mesmo os mascarados.

Schirmer afirmou também que há um acordo estabelecido com movimentos sociais para cooperação e eventual responsabilização em caso de atos de violência ou depredação. Para evitar atos de violência, a orientação dos organizadores dos protestos é para que os militantes não cubram seus rostos. Porto Alegre tem recebido manifestantes pró e contra o petista desde domingo. Nesta segunda, 22, cerca de 3 mil integrantes da Via Campesina começaram a chegar de Estados vizinhos, de acordo com a organização de atos.

No início da manhã, os manifestantes participaram de uma marcha com a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), o ex-ministro e vice-presidente do PT, Alexandre Padilha, o senador Lindbergh Farias (RJ), o ex-governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, o deputado Paulo Pimenta (RS) e o líder do Movimento Sem Terra (MST), João Pedro Stédile – que aconselhou Lula a não ficar em Porto Alegre.

O ato com o ex-presidente está previsto para as 17 horas na Esquina Democrática, tradicional local de manifestações políticas no centro da capital gaúcha. Ainda nesta terça, 23, ele deve voltar para São Paulo, conforme antecipado pelo Jornal O Estado de São Paulo, em 2 de janeiro. Na capital paulista, onde o petista vai assistir ao julgamento, há previsão de atos contrários e favoráveis a ele na Avenida Paulista e na Praça da República.

Operação

Em Porto Alegre, aeronaves farão o monitoramento do espaço aéreo e embarcações das forças de segurança já estão posicionadas na Orla do Rio Guaíba, nas imediações do Tribunal, para evitar qualquer tipo de acesso à zona restrita. Há a possibilidade do uso de helicópteros para o transporte dos desembargadores até a Corte, caso haja risco ou impedimento rodoviário.

Por via terrestre, a restrição ao perímetro do TRF-4 será demarcada por meio de grades, além da presença de efetivo policial. Haverá apenas um acesso ao local. O bloqueio da área afetará o expediente de órgãos públicos, que ficarão fechados a partir do meio-dia. Cerca de 20 linhas de ônibus terão rota desviada a partir da meia-noite.

A circulação até mesmo de pedestres será controlada no local a partir da tarde desta terça, sem horário definido para desbloqueio. Além do entorno do TRF-4, também a Avenida da Legalidade, no acesso à capital gaúcha, terá o trânsito desviado a partir das 5 horas de quarta.

O secretário de Segurança Pública disse que atiradores de elite vão ficar no topo de edifícios próximos ao perímetro com a função de observadores, filmando e fotografando os manifestantes. As ações em apoio a Lula estão marcadas no centro da capital. Os atos contrários devem ocorrer no Parque Moinhos de Vento, o Parcão.

Com informações do Jornal O Estado de São Paulo