Os vereadores de Fortaleza repercutiram a paralisação de parte dos policiais militares do Ceará, durante a sessão plenária desta quinta-feira (20). O movimento grevista, considerado ilegal pela Justiça do Ceará, tem causado atos de vandalismo e violência em todo o Estado. Desde segunda-feira (17), homens encapuzados invadem batalhões, retiram viaturas e esvaziaram pneus de carros oficiais nas ruas de vários municípios cearenses.

Em Sobral, na Região Norte, comerciantes foram obrigados, na tarde de ontem, a baixar as portas do comércio local por ordem dos manifestantes, que posteriormente ocuparam um batalhão da Polícia Militar na cidade. O senador Cid Gomes tentou dispersar os manifestantes usando uma retroescavadeira e foi atingido por dois tiros. A situação causou indignificação na classe política e elevou o tom contra o movimento.

O vereador Adail Júnior (PDT) considerou o ato como uma “tentativa de homicídio” contra o ex-governador e afirmou que o movimento tem sido usado para alcançar benefícios políticos.

“O que aconteceu ontem em Sobral é indefensável. Não tem sentido, é uma briga que só quem vai pagar a conta é a sociedade. Este grupo político que representava a PM do estado do Ceará, tenho certeza, não representa mais”, apontou.

O vereador Gardel Rolim (PDT) criticou os atos realizados pelos manifestantes nessa semana, embora reconheça que os trabalhadores têm direito a reivindicar por melhores condições. “Uma coisa que precisa ficar clara é que todos os vereadores são a favor da luta por melhores condições de salário de qualquer categoria, mas essa luta deve ser feita dentro da lei. A Constituição, no seu artigo 142, proíbe a greve de militares e nós não vamos apoiar atos fora da lei”, disse.

Segundo o parlamentar, o atos registrados em Sobral tiveram conotação política.

“Alguns policiais ordenaram o fechamento do comércio de Sobral, porque lá o Ivo Ferreira Gomes é prefeito, Cid Gomes foi prefeito e o futuro presidente do País Ciro Gomes é de lá. Foi uma ação para tentar desmoralizar um grupo político porque essa ação é uma ação política e eleitoreira”, classificou Gardel.

A atual líder da bancada do PT, Larissa Gaspar, também se manifestou contrária à ação dos policiais.

“É inadmissível esse processo de milicialização das forças de segurança, homem de balaclava e arma em punho impondo a clausura de cidadãos em suas casas, usando um discurso de que se trata por melhores condições de trabalho, mas nós sabemos que não é”, disse.

Segundo a vereadora, os acontecimentos estão ligados à disputa eleitoral, com o objetivo de fortalecer politicamente os representantes dos policiais e bombeiros militares.

“A própria categoria havia sentado na Assembleia Legislativa e representantes do Governo acordaram uma proposta que foi comemorada e depois voltaram atrás para aterrorizar a população e aparecer como heróis da população diante da destruição que eles mesmos criam para ganhar a Prefeitura de Fortaleza”, declarou.

Também representando a oposição, o vereador Guilherme Sampaio (PT) se solidarizou com o senador Cid Gomes e reforçou que a postura dos manifestantes “não reflete o juramento de defender a sociedade”. O parlamentar considera ainda que há atuação política com foco nas eleições municipais deste ano no movimento.

“Temperança é o que o governador Camilo tem demonstrando, a minha torcida é que o senador Cid Gomes se recupere. Não se pode permitir a atuação política das forças de segurança e isso coloca em risco a paz na sociedade”, pontuou.

Guilherme ressaltou ainda a negociação entre os representantes dos policiais militares com o Governo do Estado ao longo de três meses.

“Isso resultou no acordo apresentado na Assembleia Legislativa que garante o aumento salarial escalonado, com a primeira parcela de 40% e outras duas de 30%. Além disso, temos ganhos no vencimento fixo, representando investimentos de R$ 438 milhões”, afirmou.

Na avaliação de Esio Feitosa (PDT), líder do Governo, os tiros contra o senador Cid Gomes representam um “atentado contra a democracia” e expõem uma tentativa de desestruturar os poderes do Estado.

“Está muito claro que não se trata mais de uma luta salarial. O que existe agora é um movimento que tenta desestabilizar os poderes constituídos do nosso Estado. Não falo só do governador Camilo Santana, falo de uma tentativa de desmoralizar o Poder Legislativo Estadual e o Poder Judiciário, que proibiu o que está acontecendo”, disse.

O vereador também afirma que há interesses eleitorais no movimento.
“Isso demonstra claramente que o interesse desse grupo político, liderado pelo deputado federal Capitão Wagner, não visa proteger os interesses dos membros da gloriosa Polícia Militar. Na verdade, se repete hoje o que aconteceu em 2011. É claramente um movimento de político-eleitoral”, definiu.

Sargento Reginauro (sem partido) usou a tribuna da Casa para apoiar as revindicações dos policiais militares e fez críticas à atitude de Cid Gomes de tentar inviabilizar o movimento em Sobral.

“O responsável pelos tiros que ameaçaram de morte o senador deve ser punido, assim como também deve ser investigada a atitude do político que tentou intervir na manifestação”, disse.

 

 

 

 

 

(*)com informação da Câmara Municipal de Fortaleza