Seja nas aulas de história, seja nas aulas de francês, Napoleão Bonaparte é um assunto presente e discutido entre alunos e professores. Afinal, ele está associado à história, política e cultura francesa de inúmeras formas. Por isso mesmo, se você se interessa em aprender o idioma e a história do país mais romântico do mundo, inevitavelmente irá ouvir falar do homem que “deixou a Europa de joelhos”.
As Guerras Napoleônicas
O ano de 1805 foi decisivo para as Guerras Napoleônicas, pois os planos franceses de invadir as ilhas britânicas foram impedidos pelas batalhas navais de Cabo Finisterre e Trafalgar. Além disso, o Reino Unido pressionou seus aliados continentais a atacar a França.
Percebendo a manobra, Napoleão decidiu atacar primeiro para derrotar a Áustria. Em novembro, tomou Viena, capital austríaca, e o czar Alexandre I da Rússia decidiu pessoalmente liderar seus exércitos para socorrer a Áustria. Por isso, o imperador austríaco Francisco I tomou a mesma decisão.
Napoleão, em inferioridade numérica, decidiu por uma tática ousada. Perto da vila de Austerlitz, ele insinuou que suas forças estavam enfraquecidas, abandonando posições vantajosas no campo de batalha para atrair os exércitos aliados. Os aliados morderam a isca e atacaram precipitadamente. No contra-ataque, os franceses dividiram os exércitos inimigos, derrotando um de cada vez.
A derrota humilhante no que também é chamada de Batalha dos Três Imperadores fez com que a Áustria se rendesse, e o Saco Império Romano-Germânico foi dissolvido. Napoleão criou a Confederação do Reno, um conjunto de estados germânicos como seus aliados. Ainda assim, França e Reino Unido continuavam em guerra, e Napoleão buscou alianças com os impérios Otomano e Persa para pressionar o Império Britânico, mas sem obter sucesso.
A Guerra da Quarta Coalizão
Em outubro de 1806, começa a Guerra da Quarta Coalizão. A Prússia desejava ocupar o lugar da Áustria como potência na região, enquanto os britânicos precisavam de outro aliado no continente. A guerra durou apenas 9 meses, com uma campanha em que Napoleão devastou os prussianos e brevemente invadiu a Rússia.
No acordo de paz, a Prússia perdeu metade de seu território. Napoleão e o czar Alexandre selaram uma aliança franco-russa, se declarando amigos eternos. Os novos aliados declararam o Sistema Continental, um embargo ao comércio com os britânicos. Já que não era impossível invadir, a solução seria sufocar a economia britânica.
A Guerra Peninsular
Como Portugal violava constantemente o bloqueio, Napoleão e o rei espanhol assinaram um tratado secreto para invadir e dividir o reino português. A invasão marca o início da Guerra Peninsular, que durou 6 anos. Napoleão desconfiava de seus aliados espanhóis e forçou a abdicação do rei, colocando seu irmão, José Bonaparte, no trono da Espanha em 1808.
Isso gerou muita desconfiança internacional contra Napoleão, além de revoltas na população espanhola. Outro fator que gerou desconfiança contra Napoleão, foi o fato dele ter determinado a prisão do Papa, que foi um prisioneiro francês por quase 5 anos.
A expulsão dos franceses da Península Ibérica começa a partir de Portugal, retomado por forças anglo-lusitanas, com o exército liderado pelo futuro Duque de Wellington, bem como os ataques furtivos de espanhóis resistindo contra a França em batalhas de guerrilhas.
A Guerra da Quinta Coalizão
Com o exército francês lutando na Espanha e a desconfiança contra Napoleão, a Áustria tenta dar o troco e inicia a Guerra da Quinta Coalizão. Napoleão assumiu o comando das forças lutando contra a Áustria e, em 6 meses, os austríacos perderam ainda mais territórios, tiveram que pagar uma pesada indenização e reduzir seus exércitos.
Para consolidar a paz, em 1810 Napoleão se casou com Maria Luíza de Habsburgo, filha do imperador austríaco e irmã de Maria Leopoldina de Habsburgo, esposa de D. Pedro I e imperatriz do Brasil.
Isso oficializou a entrada de Napoleão na nobreza europeia, algo que possivelmente afetou suas relações como chefe de estado na França. O casal teve um filho que morreu de tuberculose aos 21 anos de idade. Napoleão também teve ao menos 2 filhos de relações extraconjugais.
A Campanha da Rússia
Neste período, a amizade eterna entre Napoleão e o czar Alexandre I já estava ruindo. A Rússia constantemente violava o bloqueio continental, e Napoleão respondia com ameaças. Ministros russos defendiam o rompimento com a aliança e que a Rússia invadisse os domínios franceses.
Com os preparativos russos para a guerra, Napoleão decidiu atacar primeiro, reunindo o seu maior exército desde que chegou ao poder, a “Grand Armée”, com cerca de 600 mil soldados. A Rússia utilizou a estratégia de terra arrasada, cedendo territórios, destruindo plantações e tudo o que pudesse ser utilizado pelos franceses.
Na única grande batalha da guerra, os dois exércitos sofreram mais de 70 mil baixas em apenas 1 dia. Até Moscou, a maior cidade russa, foi incendiada. Com isso, os franceses não conseguiam mantimentos para sobreviver. Em novembro, Napoleão ordenou a retirada de suas tropas na Rússia, devido à fome e ao inverno, bem como por temer um golpe de estado na França.
Durante a retirada, dezenas de milhares de soldados morreram vitimados pelo frio, fome e doenças, e apenas 10% do exército original retornou. A destruição do exército francês inspirou as potências europeias a retomarem a guerra.
A Guerra da Sexta Coalizão e a queda de Napoleão Bonaparte
Começava, assim a Guerra da Sexta Coalizão (1813-1814), na qual uma aliança composta por Rússia, Prússia, Reino Unido, Grão-Ducado de Mecklenburg-Schwerin, Portugal, Sardenha, Reino da Sicília, Espanha e Suécia se opuseram à França.
Napoleão conseguiu vitórias iniciais, mas a desvantagem numérica pesava contra ele, até ser derrotado na Batalha de Leipzig. Napoleão teve que bater em retirada e recusou a oferta de paz dos aliados. A França foi invadida e Paris foi ocupada no dia 31 de março de 1814. O senado francês, pressionado pelos aliados, depôs Napoleão.
Pelo tratado de paz, Napoleão foi exilado na Ilha de Elba, uma ilha na região da Toscana, na Itália. A dinastia Bourbon foi restaurada na França, e as potências vencedoras iniciaram o Congresso de Viena, para redefinir o mapa e o futuro da Europa.
Em Elba, Napoleão manteve simbolicamente o título de imperador, e efetivamente governou a ilha, realizando reformas de obras. Sua esposa e filho não o acompanharam no exílio, e ele nunca mais os viu.
O Governo dos 100 Dias e da Guerra da Sétima Coalizão
Em fevereiro de 1815, Napoleão conseguiu fugir da ilha. O Congresso de Viena o considera um criminoso por descumprir os termos da paz. Napoleão chega a Paris, onde novamente é aclamado imperador. É o início do Governo dos 100 Dias e da Guerra da Sétima Coalizão.
Após vitórias iniciais, Napoleão e o exército francÊs foram finalmente derrotados em 18 de junho de 1815, na batalha de Waterloo, contra uma força anglo-prussiana. Napoleão tentou manobra similar a de Austerlitz, tentando derrotar um exército inimigo de cada vez, mas a estratégia fracassou.
Novo acordo, exílio e morte
Em novembro, um novo acordo de paz foi imposto aos franceses. Mais rígido que o anterior, os termos determinavam perdas territoriais, indenizações e ocupação. Napoleão foi exilado para a Ilha de Santa Helena, uma posse britânica no meio do Atlântico Sul, sem títulos e sob vigia. A casa onde ele foi colocado estava abandonada há tempos e, em carta, ele reclamava da insalubridade.
Lá ele ditou suas memórias e, mesmo com a distância, planos de resgate foram elaborados, mas nenhum foi realizado. Ele morreu 6 anos depois, e a causa de sua morte foi tema de debate e teorias da conspiração.
Sua imagem entrou para a história como a de uma dos maiores comandantes militares de todos os tempos. Por outro lado, era uma figura política dúbia, que ao mesmo tempo que realizou reformas modernizadoras e liberalizantes importantes — com a educação secular, reformas fiscais, tolerância religiosa e o sistema métrico –, também foi autoritário, centralizador e desejava o reconhecimento da mesma velha nobreza que combatia, além de agir com instintos de grandiosidade e de culto de personalidade.
Após sua morte, Napoleão foi enterrado em Santa Helena, sob protesto de apoiadores e contra seu testamento. Em 1840, seus restos mortais foram repatriados para a França, onde Napoleão recebeu um cortejo de estado em Paris.