O aumento no preço dos combustíveis, dos gêneros alimentícios e da energia elétrica, que deixa o orçamento doméstico ainda mais apertado, os desencontros nas ações de combate à pandemia da Covid-19, os conflitos com o Poder Judiciário e, ao mesmo tempo, o recuo das críticas aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), contribuem para o Governo do presidente Jair Bolsonaro continuar com a rejeição em alta.

Os números da mais nova pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada, nesta quinta-feira, mostram que a reprovação ao Governo Bolsonaro chega a 53% – uma oscilação dentro da margem de erro, se comparada com a pesquisa realizada em julho (51%), mas que gera preocupação entre os assessores do Palácio do Planalto. É a primeira avaliação, por meio de pesquisa, feita após os protestos de 7 de Setembro.

A pesquisa do Instituto Datafolha, realizada entre os dias 13 e 15 de setembro, ouviu, de forma presencial, 3.667 pessoas acima de 16 anos de idade em 190 municípios e apresenta uma margem de erro de dois pontos para mais ou para menos.

O levantamento aponta que, dentro da margem de erro, houve oscilação positiva (22%, em julho, e 24%, em setembro) na avaliação dos eleitores que consideram o governo como bom ou ótimo. O grupo que o definiu como regular em julho (24%) mantém a mesma percepção em setembro – 24%.

REJEIÇÃO CRESCE EM DIFERENTES SEGMENTOS

De acordo com a pesquisa do Datafolha, a rejeição à gestão Bolsonaro cresceu mais entre os eleitores com renda de 5 a 10 salários mínimos (41% para 50%, de julho para cá) e com idade acima de 60 anos (de 45% para 51%). Outro dado extraído da pesquisa é que, nas Regiões Norte e Centro-Oeste, a rejeição cresceu de 41% para 48%. Os números mostram que o índice está abaixo da média nacional. A Região Sul mantém a melhor avaliação do Chefe da Nação – 28% dos eleitores o aprovam.

O levantamento revela, também, os empresários (2% dos ouvidos) mantém a maior fatia dos simpatizantes ao presidente – 47% o aprovam, sendo o único segmento que o garante o conceito de ótimo e bom superior à avaliação de ruim e péssimo (34%).

A pesquisa, com os seus números gerais, deixa preocupação ao presidente e aos assessores políticos e expõe outro ponto como surpresa – o crescimento da rejeição ao governo entre os evangélicos – 41%, enquanto a aprovação é de 29%. A pesquisa de julho apresentou um empate técnico nesses índices – 34% a 37%.

CUSTO DE VIDA SOBE, POPULARIDADE DESCE

Os números da pesquisa do Instituto Datafolha mostram que, a cada dia, são ainda maiores os desafios dos aliados do Palácio do Planalto para rever a queda de popularidade e a viabilização eleitoral do presidente Jair Bolsonaro rumo à eleição de 2022. Há um conjunto de fatores (citados na abertura deste texto) que pode justificar os altos índices de rejeição ao presidente Bolsonaro.

O quadro político de instabilidade, que antecipou os protestos de 7 de Setembro, gerou ainda mais insegurança para os brasileiros que sentem a necessidade de um guarda-chuva com maior proteção, que fique aberto para a geração de empregos, de controle da inflação e, acima de tudo, de equilíbrio político e econômico. Soma-se a esses aspectos o desgaste que o governo sofre com o ciclo de investigações da CPI da Covid-19.

A equipe de assessores políticos do Palácio do Planalto já dispunha à mesa de um retrato sobre os índices de avaliação do presidente Jair Bolsonaro bem antes dos números apresentados pelo Instituto Datafolha. A tentativa de criar, nesta semana, uma agenda positiva é um dos sinais da mobilização do Governo para recuperar os índices de popularidade do presidente Bolsonaro.

A agenda teve, como principais ações, o lançamento do Programa Habite Seguro, com baixas taxas de juros e subsídios, para os profissionais da área da segurança pública, e o anúncio de melhores condições de acesso a casas e apartamentos construídos pelo Programa Casa Verde Amarela.