Um levantamento realizado pelo Ministério Público de São Paulo mostra que o Ceará é o segundo estado do país em número de filiados de facções criminosas. A pesquisa apontou que na Região Nordeste existem 6.671 membros de uma única facção criminosa.

“Não há nenhuma dúvida de que as facções estão se organizando e as demandas, os comandos estão sendo tirados de dentro das unidades penitenciárias, nas CPPLs [Casas de Privação Provisória de Liberdade] e das cadeias públicas aqui do estado, infelizmente”, afirma Lucas de Oliveira, presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Ceará.

No primeiro semestre desse ano foram 2.229 mortes violentas no Ceará, contra 1.777 no mesmo período do ano passado, o que representa crescimento de 25,4% se comparado ao mesmo período de 2016. “As facções estão umbilicalmente ligadas ao tráfico de entorpecentes. Essas organizações tiverem início dentro dos presídios e migraram paras as ruas, causando boa parte da violência, como as chacinas”, conta o promotor de Justiça Lincoln Gakia, do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO), de São Paulo.

Pesquisa encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que metade dos moradores do Nordeste sentem a presença do crime organizado na vizinhança. Para o pesquisador Luiz Fábio Paiva, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (UFC), a falta de controle e a superpopulação nos presídios contribuem para o avanço das organizações criminosas.

“Hoje a gente tem um número muito grande de presos provisórios. Em alguns estados, isso varia de 40% a 60% dos presos, pessoas que não deveriam estar dentro do sistema e, quando entram no sistema imediatamente precisam se associar a determinados grupos para adquirir proteção. Então, eu passo a ter uma dívida com esse grupo, eu passo a ter um compromisso e eu passo a atuar dentro daquilo que o controle desses grupos determinam que eu devo atuar”.

Em nota, a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado afirma que não reconhece os dados divulgados e informa que todos os crimes violentos registrados dentro das unidades prisionais são comunicados à Polícia Civil para os procedimentos necessários. A nota diz, ainda, que a Secretaria de Justiça (Sejus) tem um trabalho permanente de monitoramento das unidades e quando identifica risco à vida de algum interno, as medidas necessárias são adotadas.

Com informações G1 – CE