Candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes indicou na madrugada desta sexta-feira, 21, após o debate promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em Aparecida (SP), que seu principal alvo na reta final da campanha não deverá ser Fernando Haddad (PT), adversário direto por uma vaga no segundo turno, mas Jair Bolsonaro (PSL), que tem liderado as últimas pesquisas de intenção de votos.

O ex-governador e ex-ministro lembrou da postura do PSDB, em 2014, ao questionar um resultado eleitoral apertado em favor do PT. Na época, Aécio Neves fora derrotado por Dilma Rousseff, no segundo turno, por uma diferença de pouco mais de 3 milhões de votos. Dois meses depois, os tucanos contestaram a diplomação da petista sob o pretexto de fraude eleitoral e abuso de poder. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou a impugnação.

Prestes a completar um ano e meio de mandato e em meio a uma grave crise política e econômica, Dilma sofreu impeachment em 2016 acusada de ter realizado pedaladas fiscais. “Se permitirmos essa confrontação que se rasgou a partir de 2014 – pelo não-reconhecimento, por parte do PSDB, da vitória apertada de Dilma -, transformamos isso, em uma projeção de futuro, na entrega [do país] ao fascismo, ao entreguismo militarista que segrega pessoas por gênero, contra as mulheres, contra os negros, os quilombolas e os índios. O Brasil não aguenta mais isso”, disse o presidenciável.

Para o pedetista, a tarefa de sua campanha será “propor um caminho que possa fortalecer laços entre diferentes”. “E para isso essa gente tem que ir para o banco de reserva, como disse Marina [Silva, da Rede, no debate]. E quero crer que o novo é o nosso [projeto de governo]”, declarou.

Ciro ainda ironizou adversários que, segundo ele, teriam adotado propostas de seu plano de governo. “Está muito curioso: boa parte das propostas que lancei nos últimos três anos estão sendo curiosamente imitadas pelos adversários. Ver [Geraldo] Alckmin [PSDB] falando sobre taxar impostos em lucros e dividendos dá vontade de rir, mas é bom, considero um elogio. Boas ideias, ao final, pertencem a todos”, gabou-se.

Instado a comentar carta divulgada nessa quinta, 20, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) – na qual ele defende união das candidaturas de centro contra “visões radicais”, entre as quais, indiretamente, classificou Bolsonaro e Haddad –, Ciro queixou-se do tucano. “FHC deveria se recatar, porque um dos responsáveis por essa tragédia que está acontecendo no Brasil é ele”, declarou.

Ao final, já sob chuva, despediu-se dos jornalistas com um “boa noite, saravá”. Nesta sexta pela manhã, o pedetista visita o Santuário Nacional e, na sequência, leva a agenda de campanha a Pindamonhangaba – cidade em que tanto ele quanto Alckmin nasceram.

Com informações do Portal Uol Notícias